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Channel: Sem fronteiras para o Sagrado
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A NATUREZA INFINITA DE DEUS

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Quando se olha para o sol, a milhões de quilômetros de distância no céu, aquela enorme estrela parece muitíssimo menor que a Terra. Contudo, o diâmetro da Terra é de aproximadamente 12.700 quilômetros; o do sol é cem vezes maior. Se fosse possível colocar nosso planeta ao lado do Sol, a Terra pareceria, comparativamente, um pequeno ponto. Suponhamos que o imenso globo solar esteja se expandindo, tornando-se cada vez maior, até que sua massa ocupe inteiramente a vasta extensão azul do firmamento. O espaço assim ocupado não passa, entretanto, de uma partícula, um simples ponto do espaço que se estende para além dos inumeráveis universos, até o infinito. Mesmo que o sol continuasse a expandir-se interminavelmente, ainda assim não comportaria a extensão do infinito. A ilusão cósmica da finitude impede a mente de conceber semelhante vastidão. Onde estão seus limites? Como surgiu esse vácuo sem fim? O Imensurável Sem Origem é Deus. Onipresente nos mais longínquos recantos do espaço, Ele está nas estrelas distantes, em  e em mim, sempre consciente de todos os lugares em que está.

Deus não é a mente - Ele a criou e está além dela. Do contrário, poderíamos  racionalmente. Podemos acertadamente denominá-lo Consciência Divina, Alegria Divina, Existência Divina; mente nunca.

Embora a mente seja incapaz de englobar a Onipresença, ela pode, entretanto, sentir Deus. Sentir Sua presença e medi-la são duas experiências diferentes. A onda não consegue medir o tamanho do oceano, mas há um ponto de contato entre ambos. Assim, onde o Infinito torna-se finito existe um ponto de contato: a mente . Essa mente pode sentir Deus. Quando expandimos a mente comum, a ponto de entrar na mente , somos capazes de sentir a presença de Deus.




DESCEMOS DO INFINITO PARA O FINITO


Descemos do Infinito para o finito. Ioga é retirar a atenção das coisas externas, para focalizá-la na fonte interna da Verdade. Só desse modo podemos descobrir como Deus condensou Sua consciência na inúmeras formas finitas das criaturas e dos universos habitados. O corpo humano é a mais complexa de todas as criações de Deus. Uma única célula original - união do espermatozoide com o óvulo - divide-se e, pela multiplicação deste processo, acumula trilhões de células ao seu redor, criando o templo corporal que abriga a consciência divina de nossa alma.

Você não pode imaginar quanta energia encerra até mesmo uma simples grama de carne. Sua liberação projetaria incontáveis elétrons pelo espaço a fora. 






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O poder e a extensão da consciência residente no corpo estão além da compreensão humana. Embora sejamos feitos de carne, ocultas sob as células grosseiras estão correntes elétricas, correntes vitais. E por trás dessas energias sutis estão os pensamentos e as percepções.
A mente nem sequer pode medir os fenômenos sutis da natureza. Na tentativa de calcular quantos prótons e elétrons estão condensados em nosso planeta, a mente só consegue ir até certo ponto. O que se revela à mente inquiridora parece infinito, mas há um além do qual as idéias ficam demasiado sutis para serem seguidas. Dessa esfera em que o raciocínio não pode penetrar, Deus emite Sua Luz essencial - a Vibração Cósmica Inteligente que estrutura a criação finita.

²


Pelo uso correto da mente, é possível compreender como Deus está além dela e do intelecto, e com Sua verdadeira natureza só pode ser sentida pelo poder intuitivo da alma. Temos de encontrar a consciência de Deus por meio da mente super consciente - o núcleo da mente e da inteligência. A natureza infinita de Deus revela-se ao homem por meio da super consciência intuitiva da alma. A alegria sentida na meditação revela a presença da Alegria Eterna espalhada por toda a criação. A luz vista na meditação é a luz astral,da qual a criação tangível é feita. Contemplando-se essa luz, sente-se a unidade com todas as coisas.


1- O poder avassalador da liberação da energia nuclear foi demonstrado pela primeira vez, sob condições controladas, poucos anos depois dessa palestra, quando a primeira bomba atômica explodiu sobre Alamogordo, Novo México em 16 de julho de 1945.


2- Tudo o que existe no plano material tem seu equivalente feito de luz astral, uma luz muito mais sutil que as energias eletromagnéticas do átomo. As escrituras hindus dão a essa energia o nome de prana, que Paramahansa Yogananda traduziu por "vitátrons".





A ALMA DEVE REACENDER ATÉ DEUS


Antes que a criação existisse, havia a consciência Cósmica: o Espírito ou Deus, como Absoluto, Bem- aventurança sempre existente, sempre consciente, sempre nova, além da forma e da manifestação. Quando a criação surgiu, a Consciência Cósmica " desceu " para o universo físico, onde Se manifesta como Consciência Crística: o reflexo puro e onipresente da inteligência e da consciência de Deus, inerente a toda criação e nela oculto.

Quando a Consciência Crística desce para o corpo do homem, torna-se alma ou super consciência: a bem-aventurança sempre existente, sempre consciente e sempre nova de Deus. Individualizada por encerrar-se no corpo, identificando-se com o corpo, a alma se manifesta como ego ou consciência mortal. A Ioga ensina que a alma deve tornar a subir, pela escada da consciência, de volta ao Espírito.

A Ioga é para todos, ocidentais e orientais. Ninguém diria que o telefone não serve para o Oriente só porque foi inventado no Ocidente. Também os métodos da Ioga, embora desenvolvidos no Oriente, não são exclusividade deste, e sim úteis a toda a humanidade.

Nasça um homem na Índia ou na América, um dia terá que morrer. Por que não aprender a "morrer diariamente" em Deus, como São Paulo? A Ioga ensina o método. O homem vive no corpo como um prisioneiro: esgotado seu prazo, sofre a indignidade de ser despejado. Amar o corpo é, portanto, a mesma coisa que amar a prisão. Há muito tempo acostumados a viver no corpo, esquecemos o que significa a verdadeira liberdade. Ser ocidental não é desculpa para não buscar a liberdade. É vital para todo homem a descoberta de sua alma e o conhecimento de sua natureza imortal. A ioga mostra o caminho.



A prática da ioga conduz a liberdade.

Alguns iogues levam a extremos a idéia de desapego. Ensinam que a pessoa deve ser capaz de deitar-se em uma cama de pregos e a submeter-se a outras formas de disciplina física. Mas essas proezas não são necessárias. Pode-se perfeitamente se sentar em uma cadeira confortável e meditar em Deus. Não é preciso fazer contorções físicas ou praticar exercícios que exigem resistência física e flexibilidade extraordinárias, como advoga a Hatha Yoga.

Ser iogue é meditar. Assim que acorda de manhã, o iogue não pensa em primeiro alimentar o corpo; ele nutre a alma com a ambrósia da comunhão com Deus. Saciado com a inspiração que sua mente encontrou, ao mergulhar profundamente na meditação, está apto para cumprir com êxito todos os deveres do dia.






CÉUS PLENOS DE ETERNA BEM-AVENTURANÇA SE ABRIRÃO

Samadhi é uma experiência de júbilo, uma luz esplêndida na qual se contemplam incontáveis mundos flutuando em um vasto leito de alegria e bem-aventurança. Livre-se da ignorância espiritual que o faz pensar que esta vida mortal é real. Tenha voce mesmo as belas experiências do eterno Samadhi, em Deus. Auroras de luz, céus repletos de eterna bem-aventurança se abrirão para você.


Todos os grande mestres afirmam que dentro deste corpo está a alma imortal, uma centelha Daquilo que tudo sustenta. Quem conhece sua alma, conhece esta verdade:

" Estou além de todas as coisas finitas; agora vejo que o Espírito, sozinho no espaço, com a Sua alegria sempre renovada, expressou-Se como o vasto corpo da natureza. Eu sou as estrelas, sou as ondas, sou a Vida de tudo; sou o riso dentro de todos os corações, sou o sorriso na face das flores e em cada alma. Eu sou a Sabedoria e o Poder que sustentam toda a criação."

Perceba isso! Minhas palavras podem continuar vibrando dentro de você; mas se continuar dormitando na ilusão, não saberá. Se despertar, perceberá que a verdade a que me referi está sempre pulsando em sua alma. Medite. Aprenda esta lição de liberdade. Não espere mais. Você não sabe a angústia que sobrevém aos que permanecem na ilusão. Eu sofro por você, e farei tudo para ajudá-lo a compreender que a iluminação está dentro de você.

Liberte-se para sempre! Olhe para dentro de você mesmo. Lembre-se: o Infinito está em toda parte. Mergulhando nas profundezas da super consciência, você pode acelerar sua mente pela eternidade afora. A lanterna da mente está plenamente equipada para lançar seus raios super conscientes no mais recôndito coração da Verdade. Lembre-se: é você quem deve viajar para o reino dos céus; ele não virá por remessa especial. Cada homem tem de trilhar sozinho o seu próprio caminho. A partir de hoje, do fundo do seu coração, tome a decisão de buscar Deus.

Quero dar mais do que a inspiração temporária das palavras; quero atirar granadas de sabedoria diretamente em sua escuridão espiritual, de modo que a explosão de luz permita a você mesmo verificar a verdade do que afirmei.

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(Do Livro A Eterna Busca do Homem - palestra realizada em 28 de janeiro de 1937)





Texto encontrado no site ALMAS DIVINAS  que a Mônica gentilmente cedeu a publicação neste espaço.  Agradecida eternamente.
Paz Profunda!
Sublimes abraços
Norma

Fonte:

http://www.almasdivinas.com.br/vida/seres_iluminados.htm

ALMA AMADA II

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Segue incessantemente em teus esforços por vencer; então te ajudarei não só em forma invisível, mas também visivelmente por meio de muitos que te rodeiam...
É na bondade e o constante bom comportamento onde brilharás de felicidade.
A Mãe Divina te ajudará a vencer, mediante teus próprios esforços e as bênçãos dos grandes Gurus.  


 


Não estou construindo uma mansão para ti, ou dando-te riquezas que perecerão, mas estou construindo um lar imperecível com todas as riquezas para ti na mansão de minha Mãe Divina.




Deus os enviou para mim, e nunca lhes falharei...
Ainda que já não esteja em meu corpo físico, minha ajuda sempre chegará aos devotos de todo o mundo, se se mantêm sintonizados comigo.
Nunca pensem nem por um momento que quando eu já não esteja presente fisicamente, não estarei com vocês.
Eu seguirei tão profundamente preocupado por seu bem-estar espiritual quando eu já não esteja mais neste corpo como o estou agora.  



Sempre estarei cuidando de cada um de vocês, e quando um verdadeiro devoto pensar em mim no profundo silêncio de sua alma,
saberá que estou perto.
Com o amor de Deus, os amo a todos.

Texto cedido por Mônica, do site ALMAS DIVINAS.
 Saudações numinosas!
 Norma

Fonte:
 http://www.almasdivinas.com.br/yog/definindo_um_guru.htm

ALMA AMADA

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Paramahansa Yogananda

Nunca deves duvidar do teu valor.  A Mãe Divina me enviou para libertar-te das nuvens da tua mente.  As dificuldades são diferentes para cada um, e deves vencer essa prova do karma e da Mãe Divina.





Supera tudo chamando sempre a Deus em teu interior e mediante a máxima devoção em palavras, pensamentos, ações e obediência ao Guru.
Deus não fala facilmente ao devoto, mas um guru sim, e a maneira mais rápida de vencer todas as dificuldades é escutá-lo e obedecê-lo.
Não me importa quais sejam teus problemas.
Nunca deixarei meus esforços para contigo.  



 

É melhor conquistar o mal do que seguir para sempre vivendo com ele.
Nunca, nem sequer por um momento, identifiques-te com as rajadas momentâneas do erro.
Não tenhas temor, ainda que eu me vá e não esteja visível a teus olhos,
nunca estarás só.
Pode ser que já não te repreenda, mas sempre estarei contigo, e por meio da Mãe Divina te protegerei de todo mal, e constantemente te guiarei sussurrando a teu bondoso ser. 


 


Assim, que não te desalentes nem te canses em teus esforços, mas sempre mantém o interesse por fazer tudo para a Mãe Divina, sem importar se a guerra, a doença e a morte dancem ao redor de ti.
Esse é o segredo da vitória sobre a ilusão e os problemas.
Poderão despedaçar-te completamente, mas nunca te dês por vencido.
Sê uma sanguessuga divina: succiona o sangue da sabedoria ainda que te destrocem totalmente.
Uma vida calma não é uma vida vitoriosa.  


E eu te darei muito bom karma para que  consigas o triunfo.  Não só te perdoarei, mas sempre te levantarei, não importa quantas vezes caias.  

Com o amor de Deus, os amo a todos.



 Paramahansa Yogananda


Texto cedido por Mônica, do site ALMAS DIVINAS.
 Saudações numinosas!
 Norma

Fonte:


http://www.almasdivinas.com.br/yog/alma_amada.htm

A Vida em Pleno - SÊNECA

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Diariamente criticamos o destino: "Porque foi este homem arrebatado a meio da carreira? 
E aquele, porque não morre, em vez de prolongar uma velhice tão penosa para ele como para os outros?" 
Diz-me cá, por favor: o que achas tu mais justo, seres tu a obedecer à natureza ou a natureza a ti? 
Que diferença faz sair mais ou menos depressa de um sítio de onde temos mesmo de sair? Não nos devemos preocupar em viver muito, mas sim em viver plenamente; viver muito depende do destino, viver plenamente, da nossa própria alma. Uma vida plena é longa quanto basta; e será plena se a alma se apropria do bem que lhe é próprio e se apenas a si reconhece poder sobre si mesma. Que interessa os oitenta anos daquele homem passados na inação? Ele não viveu, demorou-se nesta vida; não morreu tarde, levou foi muito tempo a morrer! "Viveu oitenta anos!". O que importa é ver a partir de que data ele começou a morrer. "Mas aquele outro morreu na força da vida". É certo, mas cumpriu os deveres de um bom cidadão, de um bom amigo, de um bom filho, sem descurar o mínimo pormenor; embora o seu tempo de vida ficasse incompleto, a sua vida atingiu a plenitude.



"Viveu oitenta anos". Não, existiu durante oitenta anos, a menos que digas que ele viveu no mesmo sentido em que falas na vida das árvores. Peço-te insistentemente, Lucílio: façamos com que a nossa vida, à semelhança dos materiais preciosos, valha pouco pelo espaço que ocupa, e muito pelo peso que tem. Avaliemo-la pelos nossos atos, não pelo tempo que dura. Queres saber qual a diferença entre um homem enérgico, que despreza a fortuna, cumpre todos os deveres inerentes à vida humana e assim se alça ao seu supremo bem, e um outro por quem simplesmente passam numerosos anos? O primeiro continua a existir depois da morte, o outro já estava morto antes de morrer! Louvemos, portanto, e incluamos entre os afortunados o homem que soube usar com proveito o tempo, mesmo exíguo, que viveu. Contemplou a verdadeira luz; não foi um como tantos outros; não só viveu, como o fez com vigor.

 

Sêneca, in 'Cartas a Lucílio'



ENCONTROS COM HOMENS NOTÁVEIS

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Assista o filme completo


Encontros com Homens Notáveis é um filme britânico de 1979, dirigido por Peter Brook e baseado no livro homônimo de G. I. Gurdjieff. O filme conta a história de G.I. Gurdjieff e suas viagens em busca da iluminação e do desenvolvimento interior. Começa com sua infância e segue sua viagem pela Ásia Central, enquanto ele descobre novos níveis de espiritualidade através da música, da dança e de encontros com a morte.

Filmado quase inteiramente no Afeganistão, já que as sequências de danças foram filmadas na Inglaterra, narra a busca de Gurdjieff e de seus companheiros pela verdade, seguindo a proposta do livro. Contudo, no filme esta busca resulta na iniciação de Gurdjieff nos mistérios da Irmandade Sarmoung. O filme é notável por tornar públicas algumas visões do Quarto Caminho, a escola criada por Gurdjieff.



 


O livro Encontros com Homens Notáveis é a autobiografia de Gurdjieff. Conta a história de sua juventude e de suas experiências com o fantástico, além de suas recordações acerca dos homens notáveis que encontrou, começando por seu pai. Incluem o sacerdote Pogossiano, da Igreja Apostólica Armênia; o bêbado Soloviev, o príncipe Lubovedsky e um príncipe Russo com interesses em metafisica.

O livro é a segunda parte da trilogia conhecida como Tudo e Todas as Coisas, escrita por Gurdjieff entre 1924 e 1935. Sua narrativa nos guia através de um viagem que o próprio Gurdjieff realizou. O autor pretende investigar o que chama de fábrica humana sob o ponto de vista da totalidade de seus centros de energia – motor, instintivo, emocional e intelectual – e a forma de harmonizar os diversos aspectos do ser.

Para isso, é fundamental desenvolver o conhecimento de si, por meio da observação de si. Para tanto, Gurdjieff não se limita à palavra escrita, mas operava em seu trabalho com danças sagradas – trazidas de suas andanças pelo Oriente, em particular de seu contato com os dervixes de Istambul e de outros países – e a música – transformadas em composições com a ajuda de seu discípulo Thomas De Hartmann.

O sistema de Gurdjieff parte do pressuposto de que os homens estão dormindo, são máquinas ambulantes que não sabem o que fazem. Isto porque o que geralmente achamos que é o EU é, na realidade, um conjunto de EUS que povoam nosso psiquismo. Este é o elemento central de sua proposta de trabalho, inspirada nas antigas ideias gnósticas.

Assista o filme completo,  já em vídeo disponível no youtube.
Abraços
Norma

Eu li, gostei, compartilhei  e encontrei nesta fonte:
 http://www.sgi.org.br/filmes/encontros-com-homens-notaveis-filme/
 https://www.youtube.com/watch?v=9L1fOnwaPeE

DAYA MATA - A DISCIPULA

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O verdadeiro mestre é aquele que desperta o mestre adormecido em seu discípulo, busca ativar no outro a percepção da verdade que também possui, e assim, demonstrar que ele não é o único que pode alcançar a compreensão, mas que toda a humanidade pode atingir um nível de entendimento que possibilite o contato com a sabedoria. Paramahansa Yogananda  não poderia ser conhecido como é hoje e permanecer atraindo incontáveis meditantes, se não tivesse atraído para si os "santos de vidas passadas", conforme afirmou extensivamente, e os quais, não somente o auxiliaram na consolidação da Self-Realization Fellowship, como a expandiram após sua partida terrena. Em uma de suas últimas palestras ele afirmou:


 
 "Quanto mais estiverem em sintonia comigo e  menos se preocuparem com ninharias, melhor para vocês. Uma correnteza estável de poder divino fluirá para vocês, pois os Grandes me enviaram aqui. Quando eu me for, compreenderão esta verdade com maior A Self-Realization é um dosmaiores movimentos espirituais já enviados para ajudar a humanidade. Foi abençoada pelos Grandes Seres – Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswar – em comunhão com Cristo e Krishna. A graça desses mestres não abandonou a Terra.”



 Das dezenas de discípulos diretos que permaneceram trabalhando na Self-Realization Fellowship até o fim de suas vidas, e vários dos quais ainda à frente do Conselho Administrativo, destacam-se entre outras monjas, algumas mulheres notadamente pioneiras em sua área de atuação e responsáveis pela disseminação da mensagem de Yogananda: Daya Mata, atual líder da SRF,* Tara Mata, editora-chefe e vice-presidente até 1971 e Mrinalini Mata, atual editora-chefe e vice-presidente.
** Nota: Sri Daya Mata faleceu em nov/2010, após alguns anos da publicação desta página. Sri Mrinalini Mata foi eleita para a presidência. **


"Eu quero tanto entrar em seu ashram e dedicar minha vida à busca de Deus.”
Yogananda olhou para ela penetrantemente por um momento, antes de responder:

"E você irá”

Com essas primeiras palavras dirigidas a seu Guru, Faye Wright embarcou numa aventura espiritual que transformaria a tímida moça de 17 anos, de Salt Lake City, Utah, em Sri Daya Mata. Ela se tornou uma das primeiras discípulas monásticas de Paramahansa Yogananda, logo após entrar no seu ashram da Self-Realization Fellowship, em Mt. Washington, Los Angeles, em 1931.

Sri Daya Mata é seu nome monástico e significa “Mãe de Compaixão”.¹ É uma das principais discípulas vivas de Paramahansa Yogananda, atualmente (em 2009), com 95 anos de idade. É presidente da Self-Realization / Yogoda Satsanga desde 1955, ocasião em que tornou-se uma das primeiras mulheres a liderar um movimento espiritual e ordem monástica de caráter mundial. A sua permanência em tal posição só é ultrapassada pelo Dalai Lama.

Seus pais e irmãos também foram discípulos de Paramahansa Yogananda. Ananda Mata (Virginia Wright) juntou-se à ela como renunciante e Richard Wright foi secretário pessoal de Yogananda durante muitos anos, conhecido como seu companheiro na viagem à India, descrita na Autobiografia.


Um só objetivo: o amor divino de Deus


Em seus livros e palestras ela relata que desde a infância, sentia o incessante desejo de encontrar Deus. Quando conheceu Yogananda, encontrava-se muito doente, com intoxação sanguinea, feridas no rosto e nenhum médico descobria a cura. Ao fim da palestra Yogananda a chamou e a questionou se acreditava que Deus pudesse curá-la. Ela respondeu: "eu sei que Deus pode curar-me." 
 
Yogananda tocou sua testa (no chamado centro crístico) e afirmou que a partir daquele instante ela estava curada e em uma semana suas chagas desapareceriam, o que de fato ocorreu, simultâneamente a um intenso estado de êxtase que ela experenciou. Daya Mata conta que não foi a cura que a motivou a dedicar sua vida ao monastério e sim a convicção de que estava diante de um homem que poderia lhe proporcionar a experiência de conhecer o amor de Deus. No prefácio de seu livro No Silêncio do Coração ela escreve: "Nos anos seguintes, com ele aprendi o caminho para a satisfação plena do perpétuo anseio de meu coração: amor perfeito, amor divino – o amor que tudo consome, experimentado na comunhão com o Eterno Bem-amado de nossas almas".


Daya Mata conviveu ao lado de Paramahansa Yogananda por mais de 20 anos, tendo ocupado diversas funcões organizacionais nesse período, atendendo pessoalmente estudantes, coordenando as atividades das monjas, eventos, conferências, e auxiliando-o em seus escritos. Ela só ausentou-se de Mt Washington para acompanhar seu mestre durante o período de 1937 a 1948, em que ele se recolheu em Encinitas para escrever a Autobiografia de um Iogue e a Segunda Vinda de Cristo.Após assumir a presidência em 1955, ela viajou por muitos Países difundindo a mensagem de Yogananda, implementou projetos instruidos por ele, expandiu a publicação de obras literárias, além de consolidar a presença da SRF em quase todo o mundo.

Citação do ex-embaixador da Índia aos Estados Unidos, Dr. Binay R. Sen:”

“Em nenhuma outra parte o legado de Paramahansa Yogananda brilha de maneira mais radiante do que em sua santa discípula Sri Daya Mata, que foi preparada para continuar seus passos quando ele partisse. Antes de morrer, ele lhe dissera: “Quando eu me for, só o amor poderá me substituir”. Aqueles que, como eu, tiveram o privilégio de conhecer Paramahansaji vêem refletido em Daya Mataji o mesmo espírito de compaixão e amor divinos, que tanto me impressionaram na primeira visita que fiz ao Centro da Self-Realization, há quase quarenta anos.(…) "


Sri Daya Mata na India, com Anandamayi Ma, a santa da Autobiografia

Citação de Sri Sananda Lal Ghosh, irmão de Yogananda:
"Mejda (Yogananda) possuía a faculdade de presciência divina, que foi certamente evidente na escolha de Sri Sri Daya Mata como sua sucessora e guia espiritual da Self-Realization Fellowship/Yogoda Satsanga Society of Índia. Ele a preparou para isto desde muito jovem. Até seu nome é apropriado, pois ela é verdadeiramente uma mãe de daya; compaixão e amor.

Sua mente é tão pura como a de uma criança e outra igual eu nunca havia visto.  A todos que a procuram ela lhes dá bondade e amor divinos. Devotos de muitos paises que a conhecem e que têm vindo em peregrinação para visitar o lar de Mejda, em Gurpar Road, dizem em uníssono: "Ela é uma verdadeira mãe. Paramahansaji vive em seu coração".
Concordo com isso e creio que verdadeiramente ele reside dentro dela. Por esta razão, irradia tanta graça e bondade e está sempre impregnada da presença de Deus. Não podemos comparar Daya Mataji com nenhuma outra pessoa; apenas com ela mesma.
Mejda vive em Daya Mataji, em sua obra da Self-Realization Fellowship/Yogoda Satsanga Society of Índia e nos corações dos milhões de pessoas que receberam suas bênçãos."

  

Em 6 demarço, a noite que antecedeu o mahasamadhi de Yogananda:
“Você se dá conta de que é apenas uma questão de horas, e eu terei deixado este corpo?”
Uma grande dor de tristeza transpassou meu coração. Não fazia muito tempo, quando Gurudeva havia falado que deixaria o corpo logo, eu lhe dissera: “Mestre, que faremos sem o senhor? O senhor é o diamante no anel de nossos corações e de sua organização. Qual o valor do anel sem a beleza do diamante?” Então veio a resposta desse grande bhakta (amante de Deus):

“Lembre-se disto: Quando eu me for, só o amor poderá me substituir. Absorva-se noite e dia no amor de Deus, e dê esse amor para todos."


Por Daya Mata na virada do milênio

"Devemos sempre lembrar o ponto central do nosso serviço, por trás de toda a nossa vida - a razão pela qual nasceu este caminho e seguir o nosso guru: encontrar Deus. Quando o colocamos em primeiro lugar, vamos encontrar a bênção em cada experiência, cada desafio.

A verdadeira força da Self-Realization Fellowship - a sua capacidade de crescer, adaptar-se e servir no novo milênio - reside no esforço de cada um de nós viver no espírito de Guruji. E,  claro,  para mim isso significa uma coisa - as palavras imortais que ele me falou pouco antes de sua morte: "Quando eu me for, só o amor pode tomar o meu lugar".


  

Sri Daya Mata é uma Swamini (feminino de swami). Ela recebeu a ordenação de Shankaracharya Bharati Tirtha Gowardhan em 27 de maio de 1959. Não só ela, mas todos os monges e monjas da SRF foram reconhecidos como Swamis e Swaminis desde essa data. Paramahansa Yogananda pertencia ao antigo mosteiro Swami da Índia, da Ordem fundada por Adi Shankaracharya muitos séculos atrás. Do mesmo modo, pertencem os monges e monjas da Self-Realization Fellowship, a quem prestam seus votos perpétuos.




Texto cedido encontrado no site abaixo indicado:
 Saudações numinosas!
 Norma

Fonte:

http://autobiografiadeumiogue.com/discipulas_yogananda.htm







O TRIUNFO DE UM ESPÍRITO. YOGANANDAJI

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"Não leve as experiências da vida tão a sério. Não deixe principalmente que elas o magoem, pois na realidade, nada mais são do que experiências de sonho...  Se  as  circunstâncias  forem ruins  e você precisar suportá-las, não faça delas uma parte de você mesmo.

Desempenhe  o  seu  papel no palco  da  vida, mas  nunca  esqueça de  que  se trata apenas de um papel. O que você perder no mundo não será uma perda para sua alma. Confie em Deus e destrua o medo, que paralisa todos os esforços para ser bem sucedido e atrai exatamente aquilo que você receia."

"Somente você é responsável por si mesmo.  Ninguém  mais  pode  responder  por  seus deveres quando o ajuste final chegar. O seu trabalho no mundo - na esfera onde o seu karma, sua própria atividade passada, colocou você - pode ser realizado somente por uma pessoa: você mesmo. E o seu trabalho  pode ser denominado um "sucesso"  somente  quando,  de alguma maneira, servir
aos seus semelhantes."

"Quanto mais você disciplinar  a  mente,  mais a terá sob controle. Uma  criança  mimada  sofre horrores, até com um pequeno ferimento; outra, espartanamente educada, mal se assusta diante de uma lesão séria. "



 

                                                                                                                                                                                             "O Homem não é importante pelo seu Ego ou pela sua personalidade.
O Homem  é  importante porque, como  alma,  ele é  parte de Deus."

"A melhor coisa que você pode fazerpara cultivar a verdadeira sabedoriaé praticar a consciência
de que o mundo é um sonho."

"A renúncia é o sábio caminho trilhado pelo devoto que voluntariamente troca o menor pelo maior. Ele desdenha dos transitórios prazeres sensoriais pela posse das alegrias eternas. A renúncia não é  um  fim  em  si  mesmo,  mas  prepara  o  terreno para o florescimento das qualidades da alma."
"A felicidade que as pessoas procuram neste mundo não dura muito. A Alegria Divina é eterna. Anseie pelo que é duradouro, e seja firme em rejeitar os impermanentes prazeres desta vida. Você precisa ser assim. Não deixe que este mundo o controle. Nunca se esqueça que o Senhor é a única realidade… Sua verdadeira felicidade está na sua experiência dEle."

"É melhor viver no inferno na companhia de  um  homem  sábio e  de fala áspera do que habitar o paraíso com dez mentirosos  de  lábios doces!  Tolos transformam um paraíso no inferno, ao passo que um homem sábio transforma qualquer inferno num paraíso."


Saudações numinosas!
Norma


Este texto  foi encontrado  no blog  O ESPELHO DO SENTIMENTO

http://oespelhodosentimento.blogspot.com/2009/12/paramahansa-yogananda-reflexao.html

DUPLO ETÉRICO

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Dr. Ricardo Di Bernardi
 

1. CONCEITO 

 
DUPLO  ETÉRICO  É UM  INVÓLUCRO  ENERGÉTICO, VIBRATÓRIO,  LUMINOSO, VAPOROSO E PROVISÓRIO QUE COEXISTE ESTRUTURALMENTE COM  O CORPO FÍSICO E O CIRCUNVOLVE. ESTÁ LIGADO A DOAÇÃO OU EXTERIORIZAÇÃO DE ENERGIAS  POIS  NO  DUPLO  ETÉRICO  É  QUE SE SITUAM  OS  CHAKRAS OU CENTROS  DE  FORÇA.  O  DUPLO  ETÉRICO   TEM   IMPORTANTE  PAPEL  NAS TERAPIAS  ENERGÉTICAS.  É  MUITO  CONFUNDIDO COM  O  PERISPÍRITO OU CORPO ASTRAL.
 

2. LOCALIZAÇÃO
O CORPO ETÉRICO É O AGENTE INTERMEDIÁRIO ENTRE O CORPO FÍSICO E O PERISPÍRITO (CORPO ASTRAL).


3. SINONÍMIA

 
1. DUPLO ETÉRICO
13. CORPO DE VITALIDADE
25. CORPO ÓDICO
2. CORPO ETÉRICO
14. CASCA LUMINOSA
26. CORPO UNIFICADOR
3. CORPO VITAL ( KARDEC )
15. REFLEXO DO CORPO FÍSICO
27. DJAN, KOSHA
4. CORPO PRÂNICO
16. AEROSSOMA
28. REBOQUE ENERGÉTICO
5. VEÍCULO DO PRANA
17. ARMADURA ENERGÉTICA
29. UMBRA
6. CORPO BIOPLÁSMICO
18. CONTRACORPO
30. VEÍCULO SEMIFÍSICO
7. CORPO BIOCÓSMICO
19. CÓPIA VITAL HUMANA
31. VÉU DO CORPO HUMANO
8. CORPO ENERGÉTICO
20. CORPO AITÉRICO
32. VÉU ETÉRICO
9. PRIMEIRO CORPO DE ENERGIA
21. CORPO BARDO (TIBETANOS)
33. PONTE CORPO HUMANO-PSICOSSOMA
10. CORPO DIÁFANO
22. CORPO BIOCÓSMICO
34. PRANAMAYA-KOSHA
11. CORPO EFÊMERO
23. CORPO LEPTO-HÍLICO

12. VEÍCULO DA VITALIDADE
24. CORPO LEPTOMÉRICO


 

4. COMPOSIÇÃO
É  CONSTITUÍDO  POR   FLUIDO  VITAL  (ENERGIA  VITAL  OU  PRANA) DAÍ A DENOMINAÇÃO   CORPO   VITAL.   ESTE  FLUIDO,  ORIGINADO   DO   FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL ABSORVIDO PELAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS CONFERE O ATRIBUTO DA VIDA
5. PARA-ANATOMIA DO DUPLO ETÉRICO
5.1 LIMITES
OS LIMITES PLÁSTICOS DO CORPO HUMANO SÃO ULTRAPASSADOS EM CERCA DE 1 CM PELO CORPO ETÉRICO

5.2. TEXTURA

TÍPICA   DOS  ELEMENTOS  FLUÍDICOS, MAIS  DENSA  NOS  INDIVÍDUOS PRIMITIVOS  E   MAIS   SUTIL   E   DELICADA   NOS   SERES    HUMANOS ESPIRITUALMENTE MAIS EVOLUÍDOS.
5.3 FORMA

 
HUMANÓIDE, COM GRANDE ELASTICIDADE.

5.4 COLORAÇÃO
BRANCA OU ACINZENTADA.
5.5 ESTRUTURA
NÃO POSSUI ÓRGÃOS COMO O CORPO ASTRAL.
POSSUI  REGIÕES  DENOMINADAS  CHAKRAS  OU  CENTROS DE FORÇA QUE CAPTAM  ENERGIA  CÓSMICA  DISTRIBUINDO- AS  PARA  O  CORPO  FÍSICO (REBAIXAMENTO VIBRATÓRIO) E PARA O PERISPÍRITO ( OU CORPO ASTRAL) POR ACELERAÇÃO VIBRATÓRIA.

OS CHAKRAS SÃO INTERLIGADOS  POR NADIS  OU  CANAIS  QUE  PERMITEM CIRCULAR AS ENERGIAS.
OBS: O  PASSE  SOBRE  O  CHAKRA CORONÁRIO,  PELOS NADIS,  CHEGA AO LOCAL NECESSITADO

6. PARAFISIOLOGIA DO DUPLO ETÉRICO
6.1 FUNÇÃO BÁSICA
O CORPO  ETÉRICO É  O  VEÍCULO  E  A RESERVA DA NOSSA ENERGIA VITAL, ABSORVE O FLUIDO VITAL E  O DISTRIBUI PELO CORPO HUMANO ALÉM DE O TRANSFORMAR  EM   FLUIDOS  SUTIS   ENVIANDO-OS   AO   CORPO   ASTRAL (PERISPÍRITO).
6.2 PRODUÇÃO DE ECTOPLASMA
O CORPO ETÉRICO É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO ECTOPLASMA, PORTANTO PARTICIPA DIRETA-MENTE NA MEDIUNIDADE DE EFEITOS FÍSICOS E MATERIALIZAÇÃO DOS ESPÍRITOS.
6.3. EXTERIORIZAÇÃO DE ENERGIAS
NOS PROCESSOS DE IRRADIAÇÃO, PASSES MAGNÉTICOS E SIMILARES HÁ PROJEÇÃO DE ENERGIA VITAL DO CORPO ETÉRICO EM DIREÇÃO AO PACIENTE.
MAGOS, MÉDIUNS, PARANORMAIS, FEITI-CEIROS, ETC, USAM ( CONSCIENTEMENTE OU NÃO ), A PROJEÇÃO SEU C. ETÉRICO COM FINALIDADE TERAPÊUTICA OU CRIMINOSA.
6.4 NÃO HÁ LUCIDEZ DA CONSCIÊNCIA
O CORPO ETÉRICO NÃO ATUA COMO VEÍCULO SEPARADO, INDIVIDUAL, PARA A MANIFESTAÇÃO DA CONSCIÊNCIA, NEM ESTÁ APTO PARA CAPTAR INFORMAÇÕES POR NÃO TER PARACÉREBRO ( AO CONTRÁRIO DO CORPO ASTRAL = PERISPÍRITO ) .
6.5 PROGRAMAÇÃO DO TEMPO DE VIDA
O DUPLO ETÉRICO TRAZ, EM SI, A PROGRAMAÇÃO DO TEMPO DE VIDA FÍSICA DO INDIVÍDUO. O D. ETÉRICO POSSUI UM “QUANTUM” DE ENERGIA VITAL.
6.5.1 Desgaste Natural
6.5.2 Reposição
a) Respiração

b) Alimentação
 

 c) Passe ou Irradiação

d) Absorção pelo CHAKRA Esplênico
6.5.3 Desgaste Precoce

a) Vícios

b) Suicídio

O SUICIDA SOFRE: FILOSOFICAMENTE POR TRANSGREDIR A LEI;
CIENTIFICAMENTE: NÃO HAVENDO ESGOTAMENTO DOS ÓRGÃOS HÁ RETENÇÃO DE FLUIDO VITAL E O PERISPÍRITO PODE PERMANECER LIGADO AO CADÁVER.
6.6 FIXAÇÃO DO CORPO ASTRAL AO C. FÍSICO

6.6.1. O Perispírito (C. astral) une-se ao corpo físico, molécula à molécula pelo C. Etérico.

6.6.2. Na Encarnação o Fluido Vital do óvulo já fixa as energias perispirituais do reencarnante.

6.6.3 Na fecundação, milhões de espermatozóides excedentes fornecem a energia vital para a constituição inicial do c. etérico o qual fixará o c. astral ao embrião.

6.6.4 Com as enfermidades e o falecimento dos órgãos não há mais fixação do fluido vital, o desprendimento progressivo do mesmo determina a morte ou seja o desligamento do corpo astral do corpo físico.
6.7 MANUTENÇÃO DAS FORMAS PENSAMENTO


Formas pensamentos são emanações mentais nossas ou de desencarnados que são vivificadas por massas de Fluido vital.

Também conhecidas como “Cascões Astrais” na Teosofia. Por serem vitalizadas mantém-se com vida vegetativa temporária.



Dr. Ricardo Di Bernardi, é médico homeopata, autor de diversos livros entre eles Gestação - Sublime intercâmbio e presidente do ICEF- Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis SC
 
Acesse no Youtube um interessante vídeo sobre o assunto
http://br.youtube.com/watch?v=TTSK_JWO_Q4&feature=related


TENDA DA LUA

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"Tradicionalmente, em tempos remotos, a Moonlodge (Tenda da Lua) era o local onde as mulheres se reuniam, durante a sua fase menstrual, para estarem em unicidade umas com as outras e com as mudanças que ocorriam no seu corpo.
Durante esses dias, elas retiravam-se dos seus deveres familiares e sociais para irem para a tenda com as suas irmãs, onde se libertavam da velha energia e preparavam a reconexão com a fertilidade da Mãe Terra durante a Lua seguinte."

Na sociedade actual, assiste-se cada vez mais a uma castração deste aspecto feminino e as mulheres têm necessidade de encontrar tempo na loucura do quotidiano para se reencontrarem a elas próprias na sua condição.

Os Saberes da Terra promovem um workshop onde as mulheres se podem reconectar com o poder e energia da sua fertilidade e com a sua condição de geradoras e "nutridoras" de vida, através de rituais de inspiração, viagens xamânicas e uma intensa cerimónia da Cabana do Suor.

Denominado "Sacred Moonlodge I", este curso é orientado pela Eva Honegger que, desde 1996 orienta workshops para mulheres em assuntos como: poder feminino no xamanismo, os rituais das festas do ciclo anual, tradição das deusas, cerimónias de "sweatlodge" (cabana de suor), trabalho com a "medicine wheel" (roda da medicina).

Neste workshop as mulheres irão reconectar-se com a energia de cura e de nutrição da sagrada Tenda da Lua, um espaço de irmandade protegido e sagrado onde se vivencia a sabedoria feminina do caminho da Sábia Mulher da Medicina, tecendo a energia do corpo, mente, alma e espírito femininos na teia universal e partilhando-os no círculo.

A história matriarcal e lendas de Deusas de todo o mundo acompanharão as viagens xamânicas à curadora interior, à verdadeira sonhadora, à criadora original, à mulher desperta e à Deusa em nós próprias.
Aprenderemos o significado e a qualidade da energia do sagrado sangue feminino e faremos o caminho do poder da mulher, conectando o nosso coração e o nosso ventre com a magia da Mãe Terra e com as batidas do seu coração.


Tradução para português de I. Ferreira"


Eu li, gostei, compartilhei e encontrei aqui neste site:
Fonte:
http://www.universodeluz.net/modules.php?name=News&file=article&sid=516

Liderança com Alma, a Comunicação Consciente

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Mirna Grzich
Revista e Rádio Imaginária

Para me conhecer melhor, preciso prestar atenção a mim mesmo, sair do piloto automático, estar PRESENTE. Conhecemos o mundo externo das sensações e ações, mas do nosso mundo interno de pensamentos e sentimentos nós conhecemos muito pouco. O objetivo inicial da meditação é tornar-se consciente e familiarizar-se com a vida interior. O objetivo final é alcançar a fonte vida e consciência. O estado de atenção plena (mindfullness) é a única maneira de passar pela vida realmente vivendo cada segundo. Distraídos, no passado ou no futuro, ou perdidos em nossas divagações, estamos adormecidos. Trazer a mente para casa é meditar.

E o que é meditar? É ter intimidade com seu mundo interior. Vamos para dentro de nós, como quem vai descamando uma cebola. Do físico passamos ao mental, depois ao energético, ao emocional e finalmente ao espiritual. E chegamos ao centro, isso é, ao vazio, à vacuidade, origem de tudo, campo das infinitas possibilidades. O vazio talvez seja a energia escura do universo.

Quando não tenho intimidade comigo mesmo fico desconfortável, tímido. Quando ocupamos com amor cada célula do nosso corpo, estamos exuberando. Abraham Maslov disse: "À voz divina dentro de nós se contrapõe não a voz do demônio, mas a voz da timidez."

Não existe nada mais difícil que a interiorização. Posso descrever a vida como uma espiral em que ora me perco de mim, ora me interiorizo, sendo que o movimento, a intenção, no meu caso, sempre é me interiorizar. Então eu me perco, me distraio, mas existe uma intenção em mim de voltar, sempre, então eu me lembro e volto. Quando temos uma prática espiritual, ou seguimos uma tradição, com a disciplina de um retiro ou vivência, fica mais fácil se lembrar e voltar pra si mesmo, observando o observador, nessa eterna espiral. Por isso tanta gente procura se iniciar, seguir algo. Mas esse trabalho interno pode ser feito sozinho, basta ter disciplina. Um poema sufi diz:

"Quando se distrair, volte
Quando cochilar, volte
Quando 'viajar', volte
Quando se perder, volte
Carinhosamente, persistentemente, volte
Isso é meditação."

O sentido da vida, segundo o físico Fritjof Capra, no seu famoso livro Ponto de Mutação, é a auto-organização, não a entropia, o caos. Ilia Prygogyne, que recebeu o Nobel de Química de 1977, pelos seus estudos em termodinâmica, alerta para isso. Que a entropia é uma das possibilidades, mas pode haver uma reversão, uma remissão. Que a segunda lei da Termodinâmica tinha sido mal entendida e explicada, e que ela era a possibilidade de caos, que poderia virar organização. Isso explicaria curas milagrosas através de um choque de fé, provocado por um xamã ou uma experiência religiosa. Numa reorganização interna, quando arrumamos nossa mandala, acontece a possibilidade da cura. 

Mas uma mente perturbada não vê a realidade. Por isso o Dr. David Servan -Schreiber, autor de dois maravilhosos livros - Curar e Anti-câncer - fala do stress e da cura das emoções. Ele menciona uma técnica do sufismo, que provoca a coerência dos batimentos cardíacos, que é simplesmente respirar através do coração. Isso nos tira do pânico de viver em tempos tão agitados, com tanta informação, tanta excitação. Inconscientes das nossas emoções, somos tomados por elas.

As emoções positivas nos dão uma perspectiva mais ampla das situações, isto é, nos dão clareza e confiança em nossos propósitos: onde estamos e para onde queremos ir. Elas nos trazem a sensação de felicidade, pois o sentido da vida torna-se energeticamente presente. Já as emoções negativas nos deixam descrentes quanto as nossas metas. Perdemos o significado da vida, e sentimos uma profunda tristeza.

Uma vez que as emoções positivas nos tornam disponíveis para o novo, ficamos flexíveis e abertos. Interessados em aprender, nos sentimos vivos, despertos. Portanto, as emoções positivas são reparadoras. Elas provocam bem estar e nos ajudam a superar emoções negativas, que, por sua vez, consomem nossa energia vital, deixando-nos exaustos e depressivos. Às vezes me surpreendo saindo de uma emoção negativa através de uma leitura inspiradora, uma música, um sorriso amigo. Mas o curioso é que só percebemos que estávamos nesse nível de energia quando saímos dele...Temos a tendência de mergulhar nas nossas emoções, em vez de observá-las. Como quando estamos no alto de um penhasco, olhando o mar furioso lá em baixo. A gente não se joga, a menos que seja muito bom de surf. Mas com nossas emoções, quando vemos, estamos imersos nelas, como um peixe na água. Como vivemos muito tempo fora de nós, no mundo exterior, fica muito difícil esse entrar para dentro, com consciência. Humberto Maturana, o famoso biólogo, diz que "quando nos conhecemos bem só aí podemos ampliar a mirada, a visão de mundo..."

Trabalhar a mitologia pessoal é uma forma de descrever a construção em desenvolvimento da realidade interior, enfatizando a noção de que todas as elaborações humanas da realidade são mitologias. Viver segundo um padrão mítico significa tornar-se consciente das origens pessoais e coletivas; consiste em buscar orientações em sonhos, imaginação e outras reflexões do ser interior, bem como em pessoas,nas práticas e nas instituições mais inspiradoras da sociedade. "Viver miticamente é também cultivar uma relação cada vez mais profunda com o universo e seus grandes mistérios." Joseph Campbel

Para ser Líder da Própria Vida
1º passo - promover a cura de aspectos do passado que ainda interferem a vida presente;
2º passo - olhar a mortalidade desta vida em relação à eternidade da existência, entender o que é estabelecer prioridades;
3º passo - aquietar a mente e se conectar com o conhecimento e a sabedoria vindos do mais íntimo de si;
4º passo - encontrar a visão e o propósito atualizados, isto é,"ver" os nossos motivos de viver a vida;
5º passo - encaminhar-se para a responsabilidade total pela própria existência, e estabelecer a estratégia de máxima eficiência e mínimo esforço.

Mas tudo isso depende do nível de consciência em que você está. Desenvolvida por Donald Beck, a Espiral da Consciência, em inglês Spiral Dinamics, explica que tanto nossa psique como a cultura da nossa civilização seguiram e seguem um caminho, um processo. Trabalhando com cores e conceitos sociais, que ele chama de mêmes, e sendo aplicada hoje em organizações e países, a teoria da Dinâmica da Espiral é poderosa e nos ajuda a compreender o que é liderança plena, quando entendemos os vários níveis de consciência e sabemos trabalhar com todos, sem exclusões ou preconceitos. Essa teoria serve de escopo para o trabalho de Ken Wilber, grande filósofo criador da Teoria Integral, que citaremos muito aqui na nossa coluna.

Don Beck explica que nascemos representados pela cor bege, carentes de tudo, assim como nos primórdios, nos tempos do homem das cavernas. Depois vem o púrpura, na cultura da sociedade representada pelo xamanismo, pela observação dos fenômenos, enquanto em nós crianças é a fase de falar com o amiguinho invisível, a fase mágica. Depois vem a adolescência, vermelha, competitiva, conquistadora. Na sociedade, a guerra, a conquista, o patriarcado. Daí vem a fase azul, o conformismo, a crença numa organização social. Tem a ver no nível pessoal com o nosso primeiro emprego, quando acreditamos naquela organização ou naquela igreja. Daí vem a fase laranja, do empreendedorismo, das aquisições. Queremos sair do emprego para abrir nosso próprio negócio. Na sociedade, o mundo capitalista como é hoje. Aí vem o verde, que por coincidência é verde mesmo, preocupado com o meio ambiente, a sustentabilidade, o igualitarismo, o partilhar. Mas ainda materialista, fazendo tudo por uma motivação externa.

Nesse ponto termina o primeiro nível da Espiral, o TER. Passamos então ao SER, quando acontece a iniciação em si mesmo, o autoconhecimento, representado pela cor amarela. Geralmente nessa fase saímos em sabático, nos iniciamos em alguma tradição espiritual, e queremos ficar sozinhos, para processar e elaborar todos esses novos significados. Finalmente, chega a fase turquesa, quando voltamos ao mundo, espiritualizados e energizados, para trabalhar e servir a humanidade, com uma visão não excludente dos outros níveis, comunicando com consciência, a partir de nós mesmos, a solidariedade, o serviço social, o trabalho com significado. Todos os níveis da espiral são superados através de uma crise, que acontece quando estamos prontos para mudar de nível.

Ken Wilber tem criticado o modus operandi dos verdes, dizendo que estão retardando o processo de mudança e evolução neste momento, com suas ONGs e trabalhos sociais muitas vezes desvinculados da consciência profunda do SER. E que alguém só pode realmente mudar o mundo se mudar a si mesmo, a partir de dentro, da sua consciência mais profunda. Que é a liderança com alma, a verdadeira comunicação consciente.


Fonte: http://www.unomarketing.com.br/Colunistas/artigo.aspx?titulo=Lideran%C3%A7a-com-Alma,-a-Comunica%C3%A7%C3%A3o-Consciente&id=34

Semeadores de Inocência

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Inocência, centelha de vida, 
Cristal transparente que observa a essência
Água que corre ativando e contendo
Permitindo chegar mais além dos limites mentais
Cada instante é presente eterno, mágico momento
É nele que tudo acontece e vives intensamente
Não há juízo nem preconceito, aceitação profunda
Da consciência desperta... Oceano imenso
Navegando na certeza da vida
Fresco clamor, anunciando na luz dourada
O novo amanhecer da era que marca
A trilha percorrida da consciência florescida
Meninos e meninas… brincando e aprendendo…
O novo tempo batendo… sinos soando…



O que se pode falar dos seres inocentes?...

Seres navegantes de universos soberanos, na essência da realização permanente da consciência na experiência...
Seres amados, companheiros cedidos, entusiasmados com o servir ao propósito convocados.
Muitos já encarnados, outros, a caminho… Outros de forma energética, mas todos ajudando… Sustentando a limpeza profunda do mental coletivo, carregado e densificado da humanidade adormecida… humanidade como família que começa a bocejar, a sair da sonolência e pondo-se a funcionar.
Assumir a unidade que com o planeta se gera, é parte do caminhar quando se toma consciência... O que é tomar consciência senão outra coisa que dar-se conta?... Dar-se conta do sonho ansiado e sonho inquieto... Do despertar e o acionar...
Enquanto isso, a inocência se derrama como balsamo… encarnada em personagens que nos olham a face… com seus olhos somente te vê, sem julgar nem dizer nada... Porem é tão transparente a mirada que os véus e ilusões se desnudam...
A verdade se faz presente e sorrindo se abraça, o clamor da fraternidade é uma canção já conhecida... Em muitas mentes ressoando, a inocência vai calando... Iluminando o caminho percorrido destacando com entusiasmo a aprendizagem realizada.
Inocência em meninos e meninas… como poder cuidar-te e sustentar-te?
Simples… somente olhando seus olhos e observando mais alem da aparência, deixa que chegue a essência, em ti também habita a inocência.
Quando sentes que podes ver-te, então poderás ver aos demais, conectar coração a coração e fazer grandes pontes de amor. No reconhecimento de quem somos e na interconexão, não é necessário dizer mais... Somente fluir bastará!...
Ir ao mundo do menino, da menina… conectar com sua percepção, muitas vezes distinta e pintada de cores, que às vezes pensa que nem existem... Deixar-te levar e permitir-lhes aflorar. As cores te ajudarão a decorar a realidade... Ou talvez vê-la de verdade?
Antes de exigir atenção e cuidados, precisas SENTIR o mundo de quem está a teu lado... Sabes que em cada ser humano há um universo armado?... Quanta magia em potencia se conectarmos bem os laços... E nos damos conta que estamos todos no mesmo campo.
Tomar consciência do impacto de tuas palavras, o impacto da desarmonia e desalento. Tudo se transmite quando queres comunicar, é preciso permitir o sincero sentir, ainda que não esteja de acordo com teu protocolo de acionar o mental, se é sincero o sentir, com amor conseguirás expressar... Desta forma tuas palavras poderão ir mais alem e navegar dentro do menino ou da menina que pretendes educar.
Sai de ti e de tua necessidade… respira e sente a imensidão do mundo desse menino ou menina com quem estás não importando quantos estejam juntos ao mesmo tempo, tu podes conectar-se com cada um profundamente e em alerta estarás... Assim a turma se acelera, pois pões somente a verdade e o conhecimento ingressa contido em sinceridade.
Todos nós estamos crescendo e descobrindo quem somos na realidade, pois finalmente, nos daremos conta que juntos construímos esta grande oportunidade de permitir experimentar o gosto de realizar, a consciência disposta a partir de toda a humanidade, com a assistência do planeta e o sistema solar, a galáxia se regozija ante tão bela variedade.
Infância que vai crescendo, com mais maturidade… que maior presente para brindar que permitir-lhes manifestar o ciclo evolutivo em que se encontram?...
Reconhecer a inocência em seu sutil e profundo atuar, nos permitirá juntos abrir este grande portal!!!!!


Documento pertencente à Rede de Educação Evolutiva. Autoriza-se a reprodução, respeitando a fonte original:Irdinave, Educación Evolutiva.http://www.educacionevolutiva.org/

Tradução: sandraferris@globo.com

TODOS NÓS SOMOS MÉDIUNS?

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Nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu espírito por sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. - Nesses dias, espalharei do meu espírito sobre os meus servidores e servidoras e eles profetizarão. (Atos, cap. II, vv. 17 a 18. - Joel, cap. II, vv. 28 e 29.)

Inicialmente, é necessário que apresentemos a definição do que seja um médium, pois, sem isso, não há como responder à questão proposta no título. Assim sendo, vejamos, primeiramente, como o Espírito Erasto definiu esse termo:

É o ser, indivíduo que serve de intermediário aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer espécie que seja. (KARDEC, 2006a, p. 212).

Kardec, por sua vez, nos explica dessa forma:

MÉDIUM (do lat. Médium, meio, intermediário): pessoas acessíveis à influência dos Espíritos, e mais ou menos dotadas da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos, o médium é um intermediário; é um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo, segundo a natureza ou o grau da faculdade mediúnica. Esta faculdade depende de uma disposição orgânica especial, suscetível de desenvolvimento. Distinguem-se diversas variedades de médiuns, segundo sua aptidão particular para tal ou tal modo de transmissão, ou tal gênero de comunicação. (KARDEC, 1986, p. 196-197).

Resumindo-a, numa outra oportunidade, o mestre de Lion disse-nos que: “Os médiuns são as pessoas aptas a receberem a influência dos Espíritos e transmitirem os seus pensamentos”. (KARDEC, 2006c, p. 62).

Em que pese a origem dessas duas definições, entendemos que lhes falta abrangência, porquanto não deveria o seu conceito se restringir à relação entre os homens e os Espíritos desencarnados. Por que estamos dizendo isso? Pelo simples fato de que há vários relatos de experiências com evocação de Espíritos de pessoas vivas, ocorridas nas sessões da Sociedade Espírita de Paris, conforme se lê na Revista Espírita. Julgamos que esses casos estariam fora da definição clássica, pois o termo “Espírito” está se referindo aos já desencarnados. Por outro lado, aceitando-se o que narra André Luiz, dando notícias de reuniões mediúnicas no plano espiritual, nesse caso teríamos a existência dos Espíritos-médiuns, que servem de intermediários a outros de esferas mais elevadas, às quais se encontram vinculados, conforme podemos apreender nas suas obras, situações também não contempladas na definição original.

Além disso, poderíamos destacar que a condição dele ser ou servir de “intermediário” complica um pouco a definição, haja vista, que um médium pode receber uma comunicação para ele mesmo, e aí não teríamos, a rigor, essa função, a não ser que aceitemos que, nesse caso, ele, o médium, esteja sendo intermediário para si mesmo, digamos assim, hipótese que aceitamos sem problema algum.

Ademais, uma pessoa que recebendo a influência de Espíritos, e não conseguindo perceber este fato, não seria, segundo essas definições, propriamente um médium? Então, seria o quê? Segundo nosso modo de ver, a conjuntura nos recomenda ampliar o atual conceito visando dar-lhe uma abrangência maior, de forma que possa abrigar todos os casos. Assim, poderíamos dizer que médium seria o Espírito, encarnado ou não, que consegue captar ou sentir o pensamento de um outro, pouco importando a condição desse outro estar num corpo ou fora dele. O único aspecto condicionante seria de não estarem, o emissor e o captador, no mesmo plano dimensional, no qual o processo de comunicação habitual seja a transmissão de pensamento.

É certo que estamos avançando um pouco na definição, indo além do que consta nas obras da codificação, o que poderá causar espécie em algumas pessoas; mas justificamos, lembrando o que Kardec disse numa certa ocasião: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (KARDEC, 1993b, p. 223).

Sabemos que o Codificador afirmou que “a verdadeira mediunidade supõe a intervenção direta de um Espírito” (KARDEC, 2006a, p. 142) o que viria a contradizer, em parte, o que estamos propondo; entretanto, se ampliarmos, nessa frase, o significado de Espírito para considerá-lo em qualquer situação, ou seja, encarnado ou desencarnado, ela se ajustaria plenamente ao conceito sugerido em nossa hipótese.

Especificamente, a quem poderíamos qualificar como médium? Para elucidar isso, leiamos:

[...] Quem está apto para receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, qualquer que seja o modo empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Todavia, em seu uso ordinário, essa palavra tem uma acepção mais restrita, e se diz, geralmente, de pessoas dotadas de um poder mediúnico muito grande, seja para produzir efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (KARDEC, 1993a, p. 29). (grifo nosso).

Temos aqui então duas situações, com as quais iremos entender o seu significado: uma no sentido amplo e outra no sentido restrito. No sentido amplo, todos somos médiuns e no sentido restrito, somente aqueles nos quais essa faculdade é evidente, a ponto de produzir os fenômenos de efeitos físicos ou de transmitir o pensamento dos Espíritos. Isso fica mais claro quando, por dois momentos, Kardec volta novamente a esse assunto:

Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. [...] (KARDEC, 2006a, p. 139) (grifo nosso).

Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente ao homem, e, por conseguinte, não é, de nenhum modo, um privilégio exclusivo: também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento. Pode-se, pois, dizer que todo o mundo, com pequena diferença, é médium; todavia, no uso, essa qualificação não se aplica senão naqueles nos quais a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos de uma certa intensidade. (KARDEC, 2006c, p. 62) (grifo nosso).

Primeiramente, cumpre-nos informar que a primeira citação consta de O Livro dos Médiuns, publicado em janeiro de 1861, que veio em substituição ao livro Instrução Prática sobre as manifestações dos Espíritos, cuja publicação aconteceu no 1º semestre de 1858, obra na qual a encontramos nos seguintes termos:

Toda pessoa que sofre de alguma maneira a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Esta faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não é um privilégio exclusivo. Por essa razão raros são os indivíduos nos quais não se encontram ainda que simples rudimentos de mediunidade. Pode-se, pois, dizer que todas ou quase todas as pessoas são médiuns. Todavia, no uso corrente, esta qualificação não se aplica senão àqueles nas quais a faculdade mediúnica é nitidamente caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende, então, de uma organização mais ou menos sensitiva. É preciso notar, além disto, que esta faculdade não se revela em todas as pessoas da mesma maneira. (KARDEC, 1986, p. 251) (grifo nosso).

Nosso objetivo em colocar isso, foi para ressaltar que Kardec, em sua nova fala, ao invés de dizer “todas ou quase todas as pessoas são médiuns”, passou a afirmar que “todos são mais ou menos médiuns”, demonstrando agora que a variação se prende apenas a seu grau, caso não estejamos enganados em nossa maneira de perceber.

Nesse mesmo ano de 1858, talvez um pouco antes dessa publicação, que acabamos de citar, ele afirmara:

Essa faculdade, como, aliás, já o dissemos, não é um privilégio exclusivo; ela existe em estado latente, e em diversos graus, numa multidão de indivíduos, não esperando senão uma ocasião para se desenvolver; o princípio está em nós pelo próprio efeito da nossa organização; está na Natureza; todos nós temo-lo em germe, e não está longe o dia em que veremos os médiuns surgirem de todos os pontos, no nosso meio, em nossas famílias, no pobre como no rico, a fim de que a verdade seja conhecida por todos, porque, segundo o que nos está anunciado, é uma nova era, uma nova fase que começa para a Humanidade. A evidência e a vulgarização dos fenômenos espíritas darão um novo curso às idéias morais, como o vapor deu um novo curso à indústria. (KARDEC, 2001a, p. 60-61). (grifo nosso).

Aqui, nos parece, que se tem, no mínimo, a todos nós como médiuns em potencial, relacionando a mediunidade como sendo uma característica própria da Natureza humana.

Percebemos que Kardec foi claro ao dizer que é uma faculdade inerente ao homem, sem qualquer tipo de privilégio, concluindo, conforme consta em Obras Póstumas e O Livro dos Médiuns, pela ordem, que “todo o mundo, com pequena diferença, é médium” ou que “todos são mais ou menos médiuns”, porquanto, segundo ele nos diz, todos nós recebemos influência dos espíritos, o que veremos um pouquinho mais à frente, quando citarmos O Livro dos Espíritos. É bem provável que, em virtude disso, possamos ver a aplicação do que ele havia dito na Introdução de O Livro dos Médiuns: “Embora cada qual já traga em si mesmo os germes das qualidades necessárias, essas qualidades se apresentam em graus diversos, e o seu desenvolvimento depende de causas estranhas à vontade humana” (KARDEC, 2006a, p. 10) e o que consta logo acima.

Essa visão abrangente é também o que poderemos encontrar em Channing, que, numa mensagem discorrendo sobre os médiuns, disse:

Todos os homens são médiuns. Todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando eles sabem escutá-lo. Quer alguns se comuniquem diretamente com ele, graças a uma mediunidade especial, quer outros só o escutem pela voz interna do coração e da mente. Isso pouco importa, pois é sempre o mesmo Espírito familiar que os acompanha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência, será sempre uma voz que responde à vossa alma, dizendo-vos boas palavras. Acontece, porém, que nem sempre as compreendeis. [...] Ouvi pois essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião que vos estende a mão do alto do céu. Repito, a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos bons. E é desse ponto de vista que todos os homens são médiuns. (KARDEC, 2006a, p. 331-332) (grifo nosso).

Esse Espírito considera a todos nós como sendo médiuns; dando, aos que o são de forma ostensiva, a condição de possuírem “uma mediunidade especial”, o que significa apenas tê-la em um grau maior.

Quanto às expressões “também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento” e “raras são as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar”, citadas um pouco atrás, não entendemos que, por isso, existam pessoas que não a tenha, mas é uma maneira de dizer que, mesmo que seja com alguns rudimentos, ninguém a deixa de ter, pois a afirmativa posterior de que “todos os homens são médiuns” parece-nos ser mais forte e, cremos, seja a intenção final de sua afirmação, a qual poderemos corroborar com outra fala do codificador, quando diz sobre os médiuns inspirados:

Todos os que recebem, no seu estado normal ou de êxtase, comunicações mentais estranhas às suas idéias, sem serem, como estas, preconcebidas, podem ser considerados médiuns inspirados. Trata-se de uma variedade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma potência oculta é bem menos sensível, sendo mais difícil de distinguir no inspirado o pensamento próprio do que foi sugerido. O que caracteriza este último é sobretudo a espontaneidade. (KARDEC, 2006a, p. 154) (grifo nosso).

É interessante lermos a nota de rodapé colocada pelo tradutor Herculano Pires sobre o que se fala nesse parágrafo:

Nunca prestamos a devida atenção aos nossos processos mentais. Kardec nos oferece neste livro, como repete no período acima, uma regra de ouro nesse sentido. A psicologia materialista vai hoje se aproximando desse princípio, graças às pesquisas no campo da telepatia. Embora ainda não considere o pensamento dos Espíritos, já admite que recebemos constantemente pensamentos alheios. A observação permite-nos dividir perfeitamente o pensamento que produzimos aos poucos em nossa mente dos que nos são sugeridos. (grifo nosso)

Como proposto no início, não poderíamos ampliar o conceito da mediunidade, tomando também essa assertiva de Herculano?

Após esse nosso destaque, continuemos a transcrição:

Recebemos a inspiração dos Espíritos que nos influenciam para o bem ou para o mal. Mas ela é principalmente a ajuda dos que desejam o nosso bem, e cujos conselhos rejeitamos com muita freqüência. Aplica-se a todas as circunstâncias da vida, nas resoluções que devemos tomar. Nesse sentido pode-se dizer que todos são médiuns, pois não há quem não tenha os seus Espíritos protetores e familiares, que tudo fazem para transmitir bons pensamentos aos seus protegidos. Se todos estivessem compenetrados dessa verdade, com mais freqüência se recorreria à inspiração do anjo guardião, nos momentos em que não se sabe o que dizer ou fazer.

Que se invoque o Espírito protetor com fervor e confiança, nos casos de necessidade, e mais assiduamente se admirará das idéias que surgirão como por encanto, seja para auxiliar numa decisão ou em alguma coisa a fazer. Se nenhuma idéia surgir imediatamente, é que se deve esperar. [...] (KARDEC, 2006a, p. 155) (grifo nosso).

Já havíamos comentado alhures que, pelo fato de termos, cada um de nós, um anjo da guarda, que sempre nos acompanha, todos nós deveríamos ser considerados médiuns, pela condição de podermos receber seus conselhos, não diferente do que aqui é colocado ou, o que é mais provável ter acontecido, dizemos porque veio à nossa mente o que lêramos em algum lugar. Acreditamos que seja o mesmo que está dito no livro Nos domínios da mediunidade, quando Áulus orienta aos dois aprendizes - André Luiz e Hilário -, nestes termos: “A mediunidade é um dom inerente a todos os seres humanos, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza” (XAVIER, 1987, p. 51) (grifo nosso).

Na Revista Espírita de 1865, encontramos uma mensagem intitulada Estudo sobre a mediunidade, assinada por Georges, na qual esse Espírito diz:

A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem; não é nenhuma exceção nem um favor, ela faz parte do grande conjunto humano, e, como tal, está sujeita às variações físicas e às desigualdades morais; sofre o dualismo temível do instinto e da inteligência; possui seus gênios, sua multidão e seus monstros. (KARDEC, 2000b, p. 115) (grifo nosso).

Confirma a mediunidade como uma faculdade que faz parte da natureza do homem, sem que haja exceção de qualquer natureza.

Kardec analisa um artigo extraído do jornal la Discussion, assinado por A. Briquel, do qual transcrevemos:

Os médiuns são dotados de uma faculdade natural que os torna próprios para servirem de intermediários aos Espíritos e produzirem com eles os fenômenos que passam por milagres ou por prestidigitação aos olhos de quem lhes ignora a explicação. Mas a faculdade medianímica não é o privilégio exclusivo de certos indivíduos; ela é inerente à espécie humana, embora cada um a possua em graus diferentes, ou sob diferentes formas. (KARDEC, 1993b, p. 34) (grifo nosso).

Pelas considerações elogiosas que o codificador faz desse artigo, dizendo serem perfeitos os pontos nele abordados, concluímos que ele endossou tudo quanto foi dito, motivo pelo qual trouxemos esse trecho do artigo. Ressaltamos a questão de ser inerente à espécie humana; portanto, todos nós a temos, variando apenas quanto aos graus e formas de sua manifestação, como já foi dito várias vezes.

Outro artigo interessante é o intitulado Mediunidade Mental, no qual Kardec comenta o que lhe escreveu um dos seus correspondentes de Milianah (Argélia), dessa forma:

Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é feita para convencer os incrédulos, porque ela nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que ferem os sentidos; ela é toda para a satisfação íntima daquele que a possui; mas é preciso reconhecer também que ela se presta muito à ilusão, e que é o caso de se desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, dela não se poderia duvidar; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente; porque o nome de pessoas que sentem, no estado de vigília, a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser o seu, é considerável; a impressão agradável ou penosa que se sente às vezes à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são também efeitos que se prendem à mesma causa e constitui uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, porque todos dela possuem pelo menos os rudimentos; mas para sentir-lhe os efeitos marcantes, é preciso uma aptidão especial, ou melhor um grau de sensibilidade que é mais ou menos desenvolvido segundo os indivíduos. A esse título, como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes; mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo mundo obter efeitos idênticos e ostensivos. (KARDEC, 1993b, p. 86-87).

O que está se comentando aqui é sobre uma pessoa que captava os pensamentos do seu guia espiritual, quando em estado de emancipação. Descreve, inclusive, que, nessa situação, recebia, até mesmo, visitas de outros Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados, com os quais entabulava comunicação mental. É a isso que Kardec denomina de mediunidade mental, assegurando que “todos dela possuem pelo menos os rudimentos” e, na seqüência, reafirma que: “como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium”.

Em O que é o Espiritismo, numa de suas respostas ao céptico, Kardec disse:

Além disso, os médiuns são muito numerosos e é raríssimo, quando não o sejamos, não se encontrar algum em qualquer dos membros de nossa família, ou nas pessoas que nos cercam. O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes: eles aparecem entre os homens e mulheres, entre crianças, velhos, doentes e pessoas sadias. (KARDEC, 2007, p. 107). (grifo nosso).

Vemos, nesse ponto, que Kardec está tratando o fato “ser médium” no sentido restrito, dizendo que, na hipótese de não sermos médiuns, é raríssimo não encontrarmos um à nossa volta, o que nos faz acreditar que ele, de forma direta, reafirma a questão de todos sermos médiuns, variando apenas a intensidade que a mediunidade aflora em cada um de nós, seres humanos. É o que também concluímos do texto a seguir:

Nossa alma que não é, em definitivo, senão um Espírito encarnado, não é menos Espírito; se está momentaneamente revestida de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, embora menos fáceis que no estado de liberdade, não são interrompidas por isso de maneira absoluta; o pensamento é laço que nos une ao Espírito, e por esse pensamento atraímos aqueles que simpatizam com as nossas idéias e nossas tendências. (KARDEC,1993a, p. 30) (grifo nosso).

Ressalte-se que, pelo fato de estarmos encarnados, não há empecilho para que tenhamos relações com os Espíritos, decorrente, segundo acreditamos, exatamente da circunstância de todos sermos médiuns. Ou estamos indo além do sentido que se pode tirar desse texto?

Dos comentários de Kardec sobre os possessos de Morzine, transcrevemos:

[...] Pela natureza fluídica e expansão do perispírito, o Espírito alcança o indivíduo sobre o qual quer agir, o cerca, o envolve, o penetra e o magnetiza. O homem, vivendo no meio do mundo invisível, está incessantemente submetido a essas influências, como às da atmosfera que respira, e essa influência se traduz por efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta, e que atribui, freqüentemente, a causas inteiramente contrárias. Esta influência difere naturalmente, segundo as qualidades boas ou más do Espírito, assim como explicamos no nosso precedente artigo. Este é bom e benevolente, a influência, ou querendo-se, a impressão, é agradável, salutar: é como as carícias de uma terna mãe que enlaça seu filho nos braços; se for mau e malevolente, ela é dura, penosa, ansiosa e, às vezes, malfazeja: ela não abraça, oprime. Vivemos nesse oceano fluídico, incessantemente expostos às correntes contrárias, que atraímos, que repelimos, ou às quais nos entregamos, conforme as nossas qualidades pessoais, mas no meio das quais os homens conservam sempre seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o seu caminho.

Isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente. A ação do mundo invisível, estando na ordem das coisas naturais, se exerce sobre o homem, abstração feita de todo conhecimento espírita; a ela se está submetido como se o está à influência da eletricidade atmosférica, sem saber a física, como estar doente, sem saber a medicina. [...]

Todo indivíduo que sofre, de um modo qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium; mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chega a constatar a existência do mundo invisível, e pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que se pôde esclarecer sobre a qualidade dos seres que a compõem, e sobre o papel que eles desempenham na Natureza; o médium fez pelo mundo invisível o que o microscópio fez pelo mundo dos infinitamente pequenos. (KARDEC, 2000a, p. 2-9) (grifo nosso).

Na verdade, por estarmos em meio a um “mar de Espíritos” ou “oceano fluídico”, ninguém lhes escapa da influência, seja a dos bons ou a dos maus, motivo pelo qual Kardec concluiu: “isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente”; ou seja, a questão do médium no sentido restrito reafirma, ao que nos parece, o fato de todos sermos médiuns no sentido amplo.

Em Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos remete a uma informação, segundo a qual fica fácil entender a possibilidade de todos nós sermos influenciados uns pelos outros, quer estejamos encarnados ou não. Leiamos:

Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações de desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento. (XAVIER, 1986, p. 88) (grifo nosso).

Isso, se não estamos sendo pretensioso demais, concilia-se com a definição ampla que propomos, mais no início deste estudo.

Vejamos agora as questões de O Livro dos Espíritos, do capítulo IX – Intervenção dos Espíritos no mundo corporal, nas quais iremos encontrar algumas coisas que vêm apoiar a nossa conclusão:

459. Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais, pois freqüentemente são eles que vos dirigem.”

460. Além dos pensamentos que nos são próprios, haverá outros que nos sejam sugeridos?

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto e, frequentemente, bastante contraditórios. Pois bem! Neles há sempre um pouco de vós e um pouco de nós, e é isso que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.”

461. Como distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos?

“Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que ocorrem em primeiro lugar. Aliás, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção, e muitas vezes é útil não sabê-la: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, ele o fará com maior boa vontade; se tomar o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.”

489. Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?

“Sim, o irmão espiritual. É o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”

490. Que se deve entender por anjo de guarda?

“O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada.”

491. Qual a missão do Espírito protetor?

“A de um pai com relação aos filhos: conduzir seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições e sustentar sua coragem nas provas da vida.”

492. O Espírito protetor está ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

“Desde o nascimento até a morte. Muitas vezes ele o segue após a morte, na vida espiritual, e mesmo através de muitas existências corporais, já que tais existências não passam de fases bem curtas da vida do Espírito.” (KARDEC, 2006b, p. 291-329 - passim) (grifo nosso).

Todas as abordagens aqui relacionadas, no tocante à influenciação dos Espíritos, se referem a todos nós, sem qualquer tipo de exceção; e se todo aquele que sofre algum tipo de influência dos Espíritos é um médium, então a alternativa, que se nos apresenta, é concluir que todos nós somos médiuns, pois não existe quem não sofra as suas conseqüências. Podemos corroborar essa afirmativa com um trecho que consta da instrução dos Espíritos na questão 495, assinada conjuntamente pelos Espíritos São Luís e Santo Agostinho. Leiamo-la:

[...] Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai vela pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando seus conselhos são ignorados.

“Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai sempre estar em relação conosco, pois assim sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem limites, para rechaçar a incredulidade e a ignorância. [...] (KARDEC, 2006b, p. 305-306) (grifo nosso).

Clara é a posição desses dois espíritos, que participaram ativamente da codificação Espírita, com base na qual, imaginamos, Kardec tenha formado a sua opinião, para dizer que “todos somos médiuns”. Porém, se a compararmos com o que disse Erasto aí a coisa fica complicada; vejamos: “É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria dos que não são médiuns” (KARDEC, 2006a, p. 212). Para resolver o impasse, pois por aqui se tem a idéia de que nem todos são médiuns, deveremos tomar a sua explicação para tê-la no sentido restrito, não valendo, portanto, para aqueles que são médiuns no sentido amplo. Isso o fazemos apoiando-nos em Kardec. Leiamos um trecho do seu comentário intitulado A Mediunidade e a Inspiração, no qual analisa uma mensagem de Halévy (Espírito), recebida em Paris, pelo grupo Desliens, na data de 16 de fevereiro de 1869:

Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abrange a Humanidade inteira, como uma rede da qual nada pode escapar. Todos estando diariamente em contato, quer o saiba ou não, quer queira ou com isso se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual o vulgo dá o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num sentido ou num outro, e, freqüentemente simultaneamente, ora o bem puro, absoluto; ora os acomodamentos com o interesse; ora o mal em toda sua nudez. - O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu chamado, e ele escolhe; mas escolhe, entre essas diferentes inspirações e seu próprio sentimento. - Os inspiradores são os amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou de passagem, interessados ou verdadeiramente guiados pela afeição. (KARDEC, 2001b, p. 94-95). (grifo nosso).

Ressaltamos o trecho “não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium”; o que vem reforçar o que se tem dito a respeito do tema.

Concluímos que todos nós somos médiuns, sim, pois não há uma só pessoa que não receba influência dos espíritos; na pior das hipóteses, em duas situações: em uma delas, a do seu anjo da guarda; na outra, é a que acontece durante os estados de emancipação da alma, quando se comunica com os Espíritos que lhe são simpáticos, conforme ficaram aqui demonstrados ambos os casos. Obviamente, que nosso modo de pensar pode não ser comungado por alguns companheiros espíritas, o que, acreditamos, certamente, acontecerá; porém, devemos continuar respeitando a liberdade de cada um ter a sua própria opinião.

Tendo em vista que estamos usando O Livro dos Médiuns traduzido por Herculano Pires, seria oportuno colocarmos a sua opinião constante numa nota de rodapé:

A mediunidade é uma faculdade humana como qualquer outra. Ninguém pode alegar que não a possui, pois todos têm pressentimentos, intuições, percepções extra-sensoriais, sonhos premonitórios e assim por diante. Como as demais faculdades, Deus a distribui segundo as necessidades evolutivas de cada criatura. [...] (KARDEC, 2006a, p. 183) (grifo nosso).

Antes de encerrar nosso estudo seria de bom tom que pudéssemos responder a uma eventual pergunta: deveremos tentar desenvolver a nossa mediunidade? A resposta é que não seria conveniente, pois se deve deixar seguir o curso natural das coisas. Kardec, falando especificamente a respeito da vidência, respondeu a uma pergunta semelhante; leiamos:

a) Essa faculdade pode desenvolver-se pelo exercício?

- Pode, como todas as outras faculdades. Mas é daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor do que o provocado, quando corremos o risco de sobreexcitar a imaginação. A visão geral e permanente dos Espíritos é excepcional e não pertence às condições normais do homem.(KARDEC, 2006a, p. 93)

Ao colocar a faculdade de ver os espíritos como pertencente ao número “daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor”, fácil concluir que considerava, também em relação a outras, ser prudente esperar que surjam naturalmente, embora não as tendo nominado. A razão disso ele atribuiu à possibilidade de sobreexcitar a imaginação.

Trazemos também a opinião do espírito Bezerra de Menezes, conforme podemos ler no livro Recordações da Mediunidade, de autoria de Yvonne A. Pereira:

Os ensinamentos contidos nos códigos espíritas, a advertência dos elevados Espíritos que os organizaram e a prática do espiritismo demonstram que nenhum indivíduo deverá provocar, forçando-o, o desenvolvimento das suas faculdades mediúnicas, porque tal princípio será contraproducente, ocasionando novos fenômenos psíquicos e não propriamente espíritas, tais como a auto-sugestão ou a sugestão exercida por pessoas presentes no recinto das experimentações, a hipnose, o animismo, ou personismo, tal como o sábio dr. Alexandre Aksakof classifica o fenômeno, distinguindo-o daqueles denominados “efeitos físicos”. A mediunidade deverá ser espontânea por excelência, a fim de frutescer com segurança e brilhantismo, e será em vão que o pretendente se esforçará por atraí-la antes da ocasião propícia. Tal insofridez redundará, inapelavelmente, repetimos, em fenômenos de auto-sugestão ou o chamado animismo, isto é, a mente do próprio médium criando aquilo que se faz passar por uma comunicação de Espíritos desencarnados. Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do Perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno. Outras existem ainda em formação (forças vibratórias frágeis, incompletas, os chamados “agentes negativos”), que jamais chegarão a se adestrar satisfatoriamente numa só existência, e que se mesclarão de enxertos mentais do próprio médium em qualquer operosidade tentada, dando-se também a possibilidade até mesmo da pseudo-perturbação mental, ocorrendo então a necessidade dos estágios em casas de saúde e hospitais psiquiátricos se se tratar de indivíduos desconhecedores das ciências psíquicas. Por outro lado, esse tratamento será balsamizante e até necessário, na maioria dos casos, visto que tais impasses comumente sobrecarregam as células nervosas do paciente, consumindo ainda grande percentagem de fluidos vitais, etc., etc. [...] (a) Adolfo Bezerra de Menezes. (PEREIRA, 1989, p. 19-20) (grifo nosso).

Sentimo-nos no dever de apresentar esse alerta, para evitar que pessoas desejosas de possuir a mediunidade na forma ampla, lendo o que aqui colocamos, se sintam incentivadas a buscar o seu desenvolvimento mediúnico e, com isso, acabem trazendo a si mesmas prejuízos psíquicos, cuja responsabilidade poderia cair sobre nossa cabeça, caso não fizéssemos esse alerta.


Paulo da Silva Neto Sobrinho

julho/2008.


Referências bibliográficas:

KARDEC, A. Iniciação Espírita. São Paulo: Edicel, 1986.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2006b.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. São Paulo: Lake, 2006a.

KARDEC, A. O que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

KARDEC, A. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2006c.

KARDEC, A. Revista Espírita 1858. Araras, SP: IDE, 2001a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1859. Araras, SP: IDE, 1993a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1863. Araras, SP: IDE, 2000a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1865. Araras, SP: IDE, 2000b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1866. Araras, SP: IDE, 1993b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1869. Araras, SP: IDE, 2001b.

PEREIRA, Y. A. Recordações da Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1989.

XAVIER, F. C. Mecanismos da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

Todos nós somos médiuns?

Nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu espírito por sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. - Nesses dias, espalharei do meu espírito sobre os meus servidores e servidoras e eles profetizarão. (Atos, cap. II, vv. 17 a 18. - Joel, cap. II, vv. 28 e 29.)

Inicialmente, é necessário que apresentemos a definição do que seja um médium, pois, sem isso, não há como responder à questão proposta no título. Assim sendo, vejamos, primeiramente, como o Espírito Erasto definiu esse termo:

É o ser, indivíduo que serve de intermediário aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer espécie que seja. (KARDEC, 2006a, p. 212).

Kardec, por sua vez, nos explica dessa forma:

MÉDIUM (do lat. Médium, meio, intermediário): pessoas acessíveis à influência dos Espíritos, e mais ou menos dotadas da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos, o médium é um intermediário; é um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo, segundo a natureza ou o grau da faculdade mediúnica. Esta faculdade depende de uma disposição orgânica especial, suscetível de desenvolvimento. Distinguem-se diversas variedades de médiuns, segundo sua aptidão particular para tal ou tal modo de transmissão, ou tal gênero de comunicação. (KARDEC, 1986, p. 196-197).

Resumindo-a, numa outra oportunidade, o mestre de Lion disse-nos que: “Os médiuns são as pessoas aptas a receberem a influência dos Espíritos e transmitirem os seus pensamentos”. (KARDEC, 2006c, p. 62).

Em que pese a origem dessas duas definições, entendemos que lhes falta abrangência, porquanto não deveria o seu conceito se restringir à relação entre os homens e os Espíritos desencarnados. Por que estamos dizendo isso? Pelo simples fato de que há vários relatos de experiências com evocação de Espíritos de pessoas vivas, ocorridas nas sessões da Sociedade Espírita de Paris, conforme se lê na Revista Espírita. Julgamos que esses casos estariam fora da definição clássica, pois o termo “Espírito” está se referindo aos já desencarnados. Por outro lado, aceitando-se o que narra André Luiz, dando notícias de reuniões mediúnicas no plano espiritual, nesse caso teríamos a existência dos Espíritos-médiuns, que servem de intermediários a outros de esferas mais elevadas, às quais se encontram vinculados, conforme podemos apreender nas suas obras, situações também não contempladas na definição original.

Além disso, poderíamos destacar que a condição dele ser ou servir de “intermediário” complica um pouco a definição, haja vista, que um médium pode receber uma comunicação para ele mesmo, e aí não teríamos, a rigor, essa função, a não ser que aceitemos que, nesse caso, ele, o médium, esteja sendo intermediário para si mesmo, digamos assim, hipótese que aceitamos sem problema algum.

Ademais, uma pessoa que recebendo a influência de Espíritos, e não conseguindo perceber este fato, não seria, segundo essas definições, propriamente um médium? Então, seria o quê? Segundo nosso modo de ver, a conjuntura nos recomenda ampliar o atual conceito visando dar-lhe uma abrangência maior, de forma que possa abrigar todos os casos. Assim, poderíamos dizer que médium seria o Espírito, encarnado ou não, que consegue captar ou sentir o pensamento de um outro, pouco importando a condição desse outro estar num corpo ou fora dele. O único aspecto condicionante seria de não estarem, o emissor e o captador, no mesmo plano dimensional, no qual o processo de comunicação habitual seja a transmissão de pensamento.

É certo que estamos avançando um pouco na definição, indo além do que consta nas obras da codificação, o que poderá causar espécie em algumas pessoas; mas justificamos, lembrando o que Kardec disse numa certa ocasião: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (KARDEC, 1993b, p. 223).

Sabemos que o Codificador afirmou que “a verdadeira mediunidade supõe a intervenção direta de um Espírito” (KARDEC, 2006a, p. 142) o que viria a contradizer, em parte, o que estamos propondo; entretanto, se ampliarmos, nessa frase, o significado de Espírito para considerá-lo em qualquer situação, ou seja, encarnado ou desencarnado, ela se ajustaria plenamente ao conceito sugerido em nossa hipótese.

Especificamente, a quem poderíamos qualificar como médium? Para elucidar isso, leiamos:

[...] Quem está apto para receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, qualquer que seja o modo empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Todavia, em seu uso ordinário, essa palavra tem uma acepção mais restrita, e se diz, geralmente, de pessoas dotadas de um poder mediúnico muito grande, seja para produzir efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (KARDEC, 1993a, p. 29). (grifo nosso).

Temos aqui então duas situações, com as quais iremos entender o seu significado: uma no sentido amplo e outra no sentido restrito. No sentido amplo, todos somos médiuns e no sentido restrito, somente aqueles nos quais essa faculdade é evidente, a ponto de produzir os fenômenos de efeitos físicos ou de transmitir o pensamento dos Espíritos. Isso fica mais claro quando, por dois momentos, Kardec volta novamente a esse assunto:

Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. [...] (KARDEC, 2006a, p. 139) (grifo nosso).

Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente ao homem, e, por conseguinte, não é, de nenhum modo, um privilégio exclusivo: também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento. Pode-se, pois, dizer que todo o mundo, com pequena diferença, é médium; todavia, no uso, essa qualificação não se aplica senão naqueles nos quais a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos de uma certa intensidade. (KARDEC, 2006c, p. 62) (grifo nosso).

Primeiramente, cumpre-nos informar que a primeira citação consta de O Livro dos Médiuns, publicado em janeiro de 1861, que veio em substituição ao livro Instrução Prática sobre as manifestações dos Espíritos, cuja publicação aconteceu no 1º semestre de 1858, obra na qual a encontramos nos seguintes termos:

Toda pessoa que sofre de alguma maneira a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Esta faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não é um privilégio exclusivo. Por essa razão raros são os indivíduos nos quais não se encontram ainda que simples rudimentos de mediunidade. Pode-se, pois, dizer que todas ou quase todas as pessoas são médiuns. Todavia, no uso corrente, esta qualificação não se aplica senão àqueles nas quais a faculdade mediúnica é nitidamente caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende, então, de uma organização mais ou menos sensitiva. É preciso notar, além disto, que esta faculdade não se revela em todas as pessoas da mesma maneira. (KARDEC, 1986, p. 251) (grifo nosso).

Nosso objetivo em colocar isso, foi para ressaltar que Kardec, em sua nova fala, ao invés de dizer “todas ou quase todas as pessoas são médiuns”, passou a afirmar que “todos são mais ou menos médiuns”, demonstrando agora que a variação se prende apenas a seu grau, caso não estejamos enganados em nossa maneira de perceber.

Nesse mesmo ano de 1858, talvez um pouco antes dessa publicação, que acabamos de citar, ele afirmara:

Essa faculdade, como, aliás, já o dissemos, não é um privilégio exclusivo; ela existe em estado latente, e em diversos graus, numa multidão de indivíduos, não esperando senão uma ocasião para se desenvolver; o princípio está em nós pelo próprio efeito da nossa organização; está na Natureza; todos nós temo-lo em germe, e não está longe o dia em que veremos os médiuns surgirem de todos os pontos, no nosso meio, em nossas famílias, no pobre como no rico, a fim de que a verdade seja conhecida por todos, porque, segundo o que nos está anunciado, é uma nova era, uma nova fase que começa para a Humanidade. A evidência e a vulgarização dos fenômenos espíritas darão um novo curso às idéias morais, como o vapor deu um novo curso à indústria. (KARDEC, 2001a, p. 60-61). (grifo nosso).

Aqui, nos parece, que se tem, no mínimo, a todos nós como médiuns em potencial, relacionando a mediunidade como sendo uma característica própria da Natureza humana.

Percebemos que Kardec foi claro ao dizer que é uma faculdade inerente ao homem, sem qualquer tipo de privilégio, concluindo, conforme consta em Obras Póstumas e O Livro dos Médiuns, pela ordem, que “todo o mundo, com pequena diferença, é médium” ou que “todos são mais ou menos médiuns”, porquanto, segundo ele nos diz, todos nós recebemos influência dos espíritos, o que veremos um pouquinho mais à frente, quando citarmos O Livro dos Espíritos. É bem provável que, em virtude disso, possamos ver a aplicação do que ele havia dito na Introdução de O Livro dos Médiuns: “Embora cada qual já traga em si mesmo os germes das qualidades necessárias, essas qualidades se apresentam em graus diversos, e o seu desenvolvimento depende de causas estranhas à vontade humana” (KARDEC, 2006a, p. 10) e o que consta logo acima.

Essa visão abrangente é também o que poderemos encontrar em Channing, que, numa mensagem discorrendo sobre os médiuns, disse:

Todos os homens são médiuns. Todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando eles sabem escutá-lo. Quer alguns se comuniquem diretamente com ele, graças a uma mediunidade especial, quer outros só o escutem pela voz interna do coração e da mente. Isso pouco importa, pois é sempre o mesmo Espírito familiar que os acompanha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência, será sempre uma voz que responde à vossa alma, dizendo-vos boas palavras. Acontece, porém, que nem sempre as compreendeis. [...] Ouvi pois essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião que vos estende a mão do alto do céu. Repito, a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos bons. E é desse ponto de vista que todos os homens são médiuns. (KARDEC, 2006a, p. 331-332) (grifo nosso).

Esse Espírito considera a todos nós como sendo médiuns; dando, aos que o são de forma ostensiva, a condição de possuírem “uma mediunidade especial”, o que significa apenas tê-la em um grau maior.

Quanto às expressões “também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento” e “raras são as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar”, citadas um pouco atrás, não entendemos que, por isso, existam pessoas que não a tenha, mas é uma maneira de dizer que, mesmo que seja com alguns rudimentos, ninguém a deixa de ter, pois a afirmativa posterior de que “todos os homens são médiuns” parece-nos ser mais forte e, cremos, seja a intenção final de sua afirmação, a qual poderemos corroborar com outra fala do codificador, quando diz sobre os médiuns inspirados:

Todos os que recebem, no seu estado normal ou de êxtase, comunicações mentais estranhas às suas idéias, sem serem, como estas, preconcebidas, podem ser considerados médiuns inspirados. Trata-se de uma variedade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma potência oculta é bem menos sensível, sendo mais difícil de distinguir no inspirado o pensamento próprio do que foi sugerido. O que caracteriza este último é sobretudo a espontaneidade. (KARDEC, 2006a, p. 154) (grifo nosso).

É interessante lermos a nota de rodapé colocada pelo tradutor Herculano Pires sobre o que se fala nesse parágrafo:

Nunca prestamos a devida atenção aos nossos processos mentais. Kardec nos oferece neste livro, como repete no período acima, uma regra de ouro nesse sentido. A psicologia materialista vai hoje se aproximando desse princípio, graças às pesquisas no campo da telepatia. Embora ainda não considere o pensamento dos Espíritos, já admite que recebemos constantemente pensamentos alheios. A observação permite-nos dividir perfeitamente o pensamento que produzimos aos poucos em nossa mente dos que nos são sugeridos. (grifo nosso)

Como proposto no início, não poderíamos ampliar o conceito da mediunidade, tomando também essa assertiva de Herculano?

Após esse nosso destaque, continuemos a transcrição:

Recebemos a inspiração dos Espíritos que nos influenciam para o bem ou para o mal. Mas ela é principalmente a ajuda dos que desejam o nosso bem, e cujos conselhos rejeitamos com muita freqüência. Aplica-se a todas as circunstâncias da vida, nas resoluções que devemos tomar. Nesse sentido pode-se dizer que todos são médiuns, pois não há quem não tenha os seus Espíritos protetores e familiares, que tudo fazem para transmitir bons pensamentos aos seus protegidos. Se todos estivessem compenetrados dessa verdade, com mais freqüência se recorreria à inspiração do anjo guardião, nos momentos em que não se sabe o que dizer ou fazer.

Que se invoque o Espírito protetor com fervor e confiança, nos casos de necessidade, e mais assiduamente se admirará das idéias que surgirão como por encanto, seja para auxiliar numa decisão ou em alguma coisa a fazer. Se nenhuma idéia surgir imediatamente, é que se deve esperar. [...] (KARDEC, 2006a, p. 155) (grifo nosso).

Já havíamos comentado alhures que, pelo fato de termos, cada um de nós, um anjo da guarda, que sempre nos acompanha, todos nós deveríamos ser considerados médiuns, pela condição de podermos receber seus conselhos, não diferente do que aqui é colocado ou, o que é mais provável ter acontecido, dizemos porque veio à nossa mente o que lêramos em algum lugar. Acreditamos que seja o mesmo que está dito no livro Nos domínios da mediunidade, quando Áulus orienta aos dois aprendizes - André Luiz e Hilário -, nestes termos: “A mediunidade é um dom inerente a todos os seres humanos, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza” (XAVIER, 1987, p. 51) (grifo nosso).

Na Revista Espírita de 1865, encontramos uma mensagem intitulada Estudo sobre a mediunidade, assinada por Georges, na qual esse Espírito diz:

A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem; não é nenhuma exceção nem um favor, ela faz parte do grande conjunto humano, e, como tal, está sujeita às variações físicas e às desigualdades morais; sofre o dualismo temível do instinto e da inteligência; possui seus gênios, sua multidão e seus monstros. (KARDEC, 2000b, p. 115) (grifo nosso).

Confirma a mediunidade como uma faculdade que faz parte da natureza do homem, sem que haja exceção de qualquer natureza.

Kardec analisa um artigo extraído do jornal la Discussion, assinado por A. Briquel, do qual transcrevemos:

Os médiuns são dotados de uma faculdade natural que os torna próprios para servirem de intermediários aos Espíritos e produzirem com eles os fenômenos que passam por milagres ou por prestidigitação aos olhos de quem lhes ignora a explicação. Mas a faculdade medianímica não é o privilégio exclusivo de certos indivíduos; ela é inerente à espécie humana, embora cada um a possua em graus diferentes, ou sob diferentes formas. (KARDEC, 1993b, p. 34) (grifo nosso).

Pelas considerações elogiosas que o codificador faz desse artigo, dizendo serem perfeitos os pontos nele abordados, concluímos que ele endossou tudo quanto foi dito, motivo pelo qual trouxemos esse trecho do artigo. Ressaltamos a questão de ser inerente à espécie humana; portanto, todos nós a temos, variando apenas quanto aos graus e formas de sua manifestação, como já foi dito várias vezes.

Outro artigo interessante é o intitulado Mediunidade Mental, no qual Kardec comenta o que lhe escreveu um dos seus correspondentes de Milianah (Argélia), dessa forma:

Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é feita para convencer os incrédulos, porque ela nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que ferem os sentidos; ela é toda para a satisfação íntima daquele que a possui; mas é preciso reconhecer também que ela se presta muito à ilusão, e que é o caso de se desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, dela não se poderia duvidar; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente; porque o nome de pessoas que sentem, no estado de vigília, a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser o seu, é considerável; a impressão agradável ou penosa que se sente às vezes à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são também efeitos que se prendem à mesma causa e constitui uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, porque todos dela possuem pelo menos os rudimentos; mas para sentir-lhe os efeitos marcantes, é preciso uma aptidão especial, ou melhor um grau de sensibilidade que é mais ou menos desenvolvido segundo os indivíduos. A esse título, como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes; mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo mundo obter efeitos idênticos e ostensivos. (KARDEC, 1993b, p. 86-87).

O que está se comentando aqui é sobre uma pessoa que captava os pensamentos do seu guia espiritual, quando em estado de emancipação. Descreve, inclusive, que, nessa situação, recebia, até mesmo, visitas de outros Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados, com os quais entabulava comunicação mental. É a isso que Kardec denomina de mediunidade mental, assegurando que “todos dela possuem pelo menos os rudimentos” e, na seqüência, reafirma que: “como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium”.

Em O que é o Espiritismo, numa de suas respostas ao céptico, Kardec disse:

Além disso, os médiuns são muito numerosos e é raríssimo, quando não o sejamos, não se encontrar algum em qualquer dos membros de nossa família, ou nas pessoas que nos cercam. O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes: eles aparecem entre os homens e mulheres, entre crianças, velhos, doentes e pessoas sadias. (KARDEC, 2007, p. 107). (grifo nosso).

Vemos, nesse ponto, que Kardec está tratando o fato “ser médium” no sentido restrito, dizendo que, na hipótese de não sermos médiuns, é raríssimo não encontrarmos um à nossa volta, o que nos faz acreditar que ele, de forma direta, reafirma a questão de todos sermos médiuns, variando apenas a intensidade que a mediunidade aflora em cada um de nós, seres humanos. É o que também concluímos do texto a seguir:

Nossa alma que não é, em definitivo, senão um Espírito encarnado, não é menos Espírito; se está momentaneamente revestida de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, embora menos fáceis que no estado de liberdade, não são interrompidas por isso de maneira absoluta; o pensamento é laço que nos une ao Espírito, e por esse pensamento atraímos aqueles que simpatizam com as nossas idéias e nossas tendências. (KARDEC,1993a, p. 30) (grifo nosso).

Ressalte-se que, pelo fato de estarmos encarnados, não há empecilho para que tenhamos relações com os Espíritos, decorrente, segundo acreditamos, exatamente da circunstância de todos sermos médiuns. Ou estamos indo além do sentido que se pode tirar desse texto?

Dos comentários de Kardec sobre os possessos de Morzine, transcrevemos:

[...] Pela natureza fluídica e expansão do perispírito, o Espírito alcança o indivíduo sobre o qual quer agir, o cerca, o envolve, o penetra e o magnetiza. O homem, vivendo no meio do mundo invisível, está incessantemente submetido a essas influências, como às da atmosfera que respira, e essa influência se traduz por efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta, e que atribui, freqüentemente, a causas inteiramente contrárias. Esta influência difere naturalmente, segundo as qualidades boas ou más do Espírito, assim como explicamos no nosso precedente artigo. Este é bom e benevolente, a influência, ou querendo-se, a impressão, é agradável, salutar: é como as carícias de uma terna mãe que enlaça seu filho nos braços; se for mau e malevolente, ela é dura, penosa, ansiosa e, às vezes, malfazeja: ela não abraça, oprime. Vivemos nesse oceano fluídico, incessantemente expostos às correntes contrárias, que atraímos, que repelimos, ou às quais nos entregamos, conforme as nossas qualidades pessoais, mas no meio das quais os homens conservam sempre seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o seu caminho.

Isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente. A ação do mundo invisível, estando na ordem das coisas naturais, se exerce sobre o homem, abstração feita de todo conhecimento espírita; a ela se está submetido como se o está à influência da eletricidade atmosférica, sem saber a física, como estar doente, sem saber a medicina. [...]

Todo indivíduo que sofre, de um modo qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium; mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chega a constatar a existência do mundo invisível, e pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que se pôde esclarecer sobre a qualidade dos seres que a compõem, e sobre o papel que eles desempenham na Natureza; o médium fez pelo mundo invisível o que o microscópio fez pelo mundo dos infinitamente pequenos. (KARDEC, 2000a, p. 2-9) (grifo nosso).

Na verdade, por estarmos em meio a um “mar de Espíritos” ou “oceano fluídico”, ninguém lhes escapa da influência, seja a dos bons ou a dos maus, motivo pelo qual Kardec concluiu: “isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente”; ou seja, a questão do médium no sentido restrito reafirma, ao que nos parece, o fato de todos sermos médiuns no sentido amplo.

Em Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos remete a uma informação, segundo a qual fica fácil entender a possibilidade de todos nós sermos influenciados uns pelos outros, quer estejamos encarnados ou não. Leiamos:

Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações de desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento. (XAVIER, 1986, p. 88) (grifo nosso).

Isso, se não estamos sendo pretensioso demais, concilia-se com a definição ampla que propomos, mais no início deste estudo.

Vejamos agora as questões de O Livro dos Espíritos, do capítulo IX – Intervenção dos Espíritos no mundo corporal, nas quais iremos encontrar algumas coisas que vêm apoiar a nossa conclusão:

459. Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais, pois freqüentemente são eles que vos dirigem.”

460. Além dos pensamentos que nos são próprios, haverá outros que nos sejam sugeridos?

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto e, frequentemente, bastante contraditórios. Pois bem! Neles há sempre um pouco de vós e um pouco de nós, e é isso que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.”

461. Como distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos?

“Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que ocorrem em primeiro lugar. Aliás, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção, e muitas vezes é útil não sabê-la: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, ele o fará com maior boa vontade; se tomar o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.”

489. Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?

“Sim, o irmão espiritual. É o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”

490. Que se deve entender por anjo de guarda?

“O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada.”

491. Qual a missão do Espírito protetor?

“A de um pai com relação aos filhos: conduzir seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições e sustentar sua coragem nas provas da vida.”

492. O Espírito protetor está ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

“Desde o nascimento até a morte. Muitas vezes ele o segue após a morte, na vida espiritual, e mesmo através de muitas existências corporais, já que tais existências não passam de fases bem curtas da vida do Espírito.” (KARDEC, 2006b, p. 291-329 - passim) (grifo nosso).

Todas as abordagens aqui relacionadas, no tocante à influenciação dos Espíritos, se referem a todos nós, sem qualquer tipo de exceção; e se todo aquele que sofre algum tipo de influência dos Espíritos é um médium, então a alternativa, que se nos apresenta, é concluir que todos nós somos médiuns, pois não existe quem não sofra as suas conseqüências. Podemos corroborar essa afirmativa com um trecho que consta da instrução dos Espíritos na questão 495, assinada conjuntamente pelos Espíritos São Luís e Santo Agostinho. Leiamo-la:

[...] Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai vela pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando seus conselhos são ignorados.

“Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai sempre estar em relação conosco, pois assim sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem limites, para rechaçar a incredulidade e a ignorância. [...] (KARDEC, 2006b, p. 305-306) (grifo nosso).

Clara é a posição desses dois espíritos, que participaram ativamente da codificação Espírita, com base na qual, imaginamos, Kardec tenha formado a sua opinião, para dizer que “todos somos médiuns”. Porém, se a compararmos com o que disse Erasto aí a coisa fica complicada; vejamos: “É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria dos que não são médiuns” (KARDEC, 2006a, p. 212). Para resolver o impasse, pois por aqui se tem a idéia de que nem todos são médiuns, deveremos tomar a sua explicação para tê-la no sentido restrito, não valendo, portanto, para aqueles que são médiuns no sentido amplo. Isso o fazemos apoiando-nos em Kardec. Leiamos um trecho do seu comentário intitulado A Mediunidade e a Inspiração, no qual analisa uma mensagem de Halévy (Espírito), recebida em Paris, pelo grupo Desliens, na data de 16 de fevereiro de 1869:

Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abrange a Humanidade inteira, como uma rede da qual nada pode escapar. Todos estando diariamente em contato, quer o saiba ou não, quer queira ou com isso se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual o vulgo dá o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num sentido ou num outro, e, freqüentemente simultaneamente, ora o bem puro, absoluto; ora os acomodamentos com o interesse; ora o mal em toda sua nudez. - O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu chamado, e ele escolhe; mas escolhe, entre essas diferentes inspirações e seu próprio sentimento. - Os inspiradores são os amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou de passagem, interessados ou verdadeiramente guiados pela afeição. (KARDEC, 2001b, p. 94-95). (grifo nosso).

Ressaltamos o trecho “não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium”; o que vem reforçar o que se tem dito a respeito do tema.

Concluímos que todos nós somos médiuns, sim, pois não há uma só pessoa que não receba influência dos espíritos; na pior das hipóteses, em duas situações: em uma delas, a do seu anjo da guarda; na outra, é a que acontece durante os estados de emancipação da alma, quando se comunica com os Espíritos que lhe são simpáticos, conforme ficaram aqui demonstrados ambos os casos. Obviamente, que nosso modo de pensar pode não ser comungado por alguns companheiros espíritas, o que, acreditamos, certamente, acontecerá; porém, devemos continuar respeitando a liberdade de cada um ter a sua própria opinião.

Tendo em vista que estamos usando O Livro dos Médiuns traduzido por Herculano Pires, seria oportuno colocarmos a sua opinião constante numa nota de rodapé:

A mediunidade é uma faculdade humana como qualquer outra. Ninguém pode alegar que não a possui, pois todos têm pressentimentos, intuições, percepções extra-sensoriais, sonhos premonitórios e assim por diante. Como as demais faculdades, Deus a distribui segundo as necessidades evolutivas de cada criatura. [...] (KARDEC, 2006a, p. 183) (grifo nosso).

Antes de encerrar nosso estudo seria de bom tom que pudéssemos responder a uma eventual pergunta: deveremos tentar desenvolver a nossa mediunidade? A resposta é que não seria conveniente, pois se deve deixar seguir o curso natural das coisas. Kardec, falando especificamente a respeito da vidência, respondeu a uma pergunta semelhante; leiamos:

a) Essa faculdade pode desenvolver-se pelo exercício?

- Pode, como todas as outras faculdades. Mas é daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor do que o provocado, quando corremos o risco de sobreexcitar a imaginação. A visão geral e permanente dos Espíritos é excepcional e não pertence às condições normais do homem.(KARDEC, 2006a, p. 93)

Ao colocar a faculdade de ver os espíritos como pertencente ao número “daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor”, fácil concluir que considerava, também em relação a outras, ser prudente esperar que surjam naturalmente, embora não as tendo nominado. A razão disso ele atribuiu à possibilidade de sobreexcitar a imaginação.

Trazemos também a opinião do espírito Bezerra de Menezes, conforme podemos ler no livro Recordações da Mediunidade, de autoria de Yvonne A. Pereira:

Os ensinamentos contidos nos códigos espíritas, a advertência dos elevados Espíritos que os organizaram e a prática do espiritismo demonstram que nenhum indivíduo deverá provocar, forçando-o, o desenvolvimento das suas faculdades mediúnicas, porque tal princípio será contraproducente, ocasionando novos fenômenos psíquicos e não propriamente espíritas, tais como a auto-sugestão ou a sugestão exercida por pessoas presentes no recinto das experimentações, a hipnose, o animismo, ou personismo, tal como o sábio dr. Alexandre Aksakof classifica o fenômeno, distinguindo-o daqueles denominados “efeitos físicos”. A mediunidade deverá ser espontânea por excelência, a fim de frutescer com segurança e brilhantismo, e será em vão que o pretendente se esforçará por atraí-la antes da ocasião propícia. Tal insofridez redundará, inapelavelmente, repetimos, em fenômenos de auto-sugestão ou o chamado animismo, isto é, a mente do próprio médium criando aquilo que se faz passar por uma comunicação de Espíritos desencarnados. Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do Perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno. Outras existem ainda em formação (forças vibratórias frágeis, incompletas, os chamados “agentes negativos”), que jamais chegarão a se adestrar satisfatoriamente numa só existência, e que se mesclarão de enxertos mentais do próprio médium em qualquer operosidade tentada, dando-se também a possibilidade até mesmo da pseudo-perturbação mental, ocorrendo então a necessidade dos estágios em casas de saúde e hospitais psiquiátricos se se tratar de indivíduos desconhecedores das ciências psíquicas. Por outro lado, esse tratamento será balsamizante e até necessário, na maioria dos casos, visto que tais impasses comumente sobrecarregam as células nervosas do paciente, consumindo ainda grande percentagem de fluidos vitais, etc., etc. [...] (a) Adolfo Bezerra de Menezes. (PEREIRA, 1989, p. 19-20) (grifo nosso).

Sentimo-nos no dever de apresentar esse alerta, para evitar que pessoas desejosas de possuir a mediunidade na forma ampla, lendo o que aqui colocamos, se sintam incentivadas a buscar o seu desenvolvimento mediúnico e, com isso, acabem trazendo a si mesmas prejuízos psíquicos, cuja responsabilidade poderia cair sobre nossa cabeça, caso não fizéssemos esse alerta.







Paulo da Silva Neto Sobrinho

julho/2008.













Referências bibliográficas:

KARDEC, A. Iniciação Espírita. São Paulo: Edicel, 1986.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2006b.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. São Paulo: Lake, 2006a.

KARDEC, A. O que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

KARDEC, A. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2006c.

KARDEC, A. Revista Espírita 1858. Araras, SP: IDE, 2001a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1859. Araras, SP: IDE, 1993a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1863. Araras, SP: IDE, 2000a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1865. Araras, SP: IDE, 2000b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1866. Araras, SP: IDE, 1993b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1869. Araras, SP: IDE, 2001b.

PEREIRA, Y. A. Recordações da Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1989.

XAVIER, F. C. Mecanismos da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

Todos nós somos médiuns?

Nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu espírito por sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. - Nesses dias, espalharei do meu espírito sobre os meus servidores e servidoras e eles profetizarão. (Atos, cap. II, vv. 17 a 18. - Joel, cap. II, vv. 28 e 29.)

Inicialmente, é necessário que apresentemos a definição do que seja um médium, pois, sem isso, não há como responder à questão proposta no título. Assim sendo, vejamos, primeiramente, como o Espírito Erasto definiu esse termo:

É o ser, indivíduo que serve de intermediário aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer espécie que seja. (KARDEC, 2006a, p. 212).

Kardec, por sua vez, nos explica dessa forma:

MÉDIUM (do lat. Médium, meio, intermediário): pessoas acessíveis à influência dos Espíritos, e mais ou menos dotadas da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos, o médium é um intermediário; é um agente ou um instrumento mais ou menos cômodo, segundo a natureza ou o grau da faculdade mediúnica. Esta faculdade depende de uma disposição orgânica especial, suscetível de desenvolvimento. Distinguem-se diversas variedades de médiuns, segundo sua aptidão particular para tal ou tal modo de transmissão, ou tal gênero de comunicação. (KARDEC, 1986, p. 196-197).

Resumindo-a, numa outra oportunidade, o mestre de Lion disse-nos que: “Os médiuns são as pessoas aptas a receberem a influência dos Espíritos e transmitirem os seus pensamentos”. (KARDEC, 2006c, p. 62).

Em que pese a origem dessas duas definições, entendemos que lhes falta abrangência, porquanto não deveria o seu conceito se restringir à relação entre os homens e os Espíritos desencarnados. Por que estamos dizendo isso? Pelo simples fato de que há vários relatos de experiências com evocação de Espíritos de pessoas vivas, ocorridas nas sessões da Sociedade Espírita de Paris, conforme se lê na Revista Espírita. Julgamos que esses casos estariam fora da definição clássica, pois o termo “Espírito” está se referindo aos já desencarnados. Por outro lado, aceitando-se o que narra André Luiz, dando notícias de reuniões mediúnicas no plano espiritual, nesse caso teríamos a existência dos Espíritos-médiuns, que servem de intermediários a outros de esferas mais elevadas, às quais se encontram vinculados, conforme podemos apreender nas suas obras, situações também não contempladas na definição original.

Além disso, poderíamos destacar que a condição dele ser ou servir de “intermediário” complica um pouco a definição, haja vista, que um médium pode receber uma comunicação para ele mesmo, e aí não teríamos, a rigor, essa função, a não ser que aceitemos que, nesse caso, ele, o médium, esteja sendo intermediário para si mesmo, digamos assim, hipótese que aceitamos sem problema algum.

Ademais, uma pessoa que recebendo a influência de Espíritos, e não conseguindo perceber este fato, não seria, segundo essas definições, propriamente um médium? Então, seria o quê? Segundo nosso modo de ver, a conjuntura nos recomenda ampliar o atual conceito visando dar-lhe uma abrangência maior, de forma que possa abrigar todos os casos. Assim, poderíamos dizer que médium seria o Espírito, encarnado ou não, que consegue captar ou sentir o pensamento de um outro, pouco importando a condição desse outro estar num corpo ou fora dele. O único aspecto condicionante seria de não estarem, o emissor e o captador, no mesmo plano dimensional, no qual o processo de comunicação habitual seja a transmissão de pensamento.

É certo que estamos avançando um pouco na definição, indo além do que consta nas obras da codificação, o que poderá causar espécie em algumas pessoas; mas justificamos, lembrando o que Kardec disse numa certa ocasião: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (KARDEC, 1993b, p. 223).

Sabemos que o Codificador afirmou que “a verdadeira mediunidade supõe a intervenção direta de um Espírito” (KARDEC, 2006a, p. 142) o que viria a contradizer, em parte, o que estamos propondo; entretanto, se ampliarmos, nessa frase, o significado de Espírito para considerá-lo em qualquer situação, ou seja, encarnado ou desencarnado, ela se ajustaria plenamente ao conceito sugerido em nossa hipótese.

Especificamente, a quem poderíamos qualificar como médium? Para elucidar isso, leiamos:

[...] Quem está apto para receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, qualquer que seja o modo empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Todavia, em seu uso ordinário, essa palavra tem uma acepção mais restrita, e se diz, geralmente, de pessoas dotadas de um poder mediúnico muito grande, seja para produzir efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (KARDEC, 1993a, p. 29). (grifo nosso).

Temos aqui então duas situações, com as quais iremos entender o seu significado: uma no sentido amplo e outra no sentido restrito. No sentido amplo, todos somos médiuns e no sentido restrito, somente aqueles nos quais essa faculdade é evidente, a ponto de produzir os fenômenos de efeitos físicos ou de transmitir o pensamento dos Espíritos. Isso fica mais claro quando, por dois momentos, Kardec volta novamente a esse assunto:

Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. [...] (KARDEC, 2006a, p. 139) (grifo nosso).

Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade é inerente ao homem, e, por conseguinte, não é, de nenhum modo, um privilégio exclusivo: também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento. Pode-se, pois, dizer que todo o mundo, com pequena diferença, é médium; todavia, no uso, essa qualificação não se aplica senão naqueles nos quais a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos de uma certa intensidade. (KARDEC, 2006c, p. 62) (grifo nosso).

Primeiramente, cumpre-nos informar que a primeira citação consta de O Livro dos Médiuns, publicado em janeiro de 1861, que veio em substituição ao livro Instrução Prática sobre as manifestações dos Espíritos, cuja publicação aconteceu no 1º semestre de 1858, obra na qual a encontramos nos seguintes termos:

Toda pessoa que sofre de alguma maneira a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Esta faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não é um privilégio exclusivo. Por essa razão raros são os indivíduos nos quais não se encontram ainda que simples rudimentos de mediunidade. Pode-se, pois, dizer que todas ou quase todas as pessoas são médiuns. Todavia, no uso corrente, esta qualificação não se aplica senão àqueles nas quais a faculdade mediúnica é nitidamente caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende, então, de uma organização mais ou menos sensitiva. É preciso notar, além disto, que esta faculdade não se revela em todas as pessoas da mesma maneira. (KARDEC, 1986, p. 251) (grifo nosso).

Nosso objetivo em colocar isso, foi para ressaltar que Kardec, em sua nova fala, ao invés de dizer “todas ou quase todas as pessoas são médiuns”, passou a afirmar que “todos são mais ou menos médiuns”, demonstrando agora que a variação se prende apenas a seu grau, caso não estejamos enganados em nossa maneira de perceber.

Nesse mesmo ano de 1858, talvez um pouco antes dessa publicação, que acabamos de citar, ele afirmara:

Essa faculdade, como, aliás, já o dissemos, não é um privilégio exclusivo; ela existe em estado latente, e em diversos graus, numa multidão de indivíduos, não esperando senão uma ocasião para se desenvolver; o princípio está em nós pelo próprio efeito da nossa organização; está na Natureza; todos nós temo-lo em germe, e não está longe o dia em que veremos os médiuns surgirem de todos os pontos, no nosso meio, em nossas famílias, no pobre como no rico, a fim de que a verdade seja conhecida por todos, porque, segundo o que nos está anunciado, é uma nova era, uma nova fase que começa para a Humanidade. A evidência e a vulgarização dos fenômenos espíritas darão um novo curso às idéias morais, como o vapor deu um novo curso à indústria. (KARDEC, 2001a, p. 60-61). (grifo nosso).

Aqui, nos parece, que se tem, no mínimo, a todos nós como médiuns em potencial, relacionando a mediunidade como sendo uma característica própria da Natureza humana.

Percebemos que Kardec foi claro ao dizer que é uma faculdade inerente ao homem, sem qualquer tipo de privilégio, concluindo, conforme consta em Obras Póstumas e O Livro dos Médiuns, pela ordem, que “todo o mundo, com pequena diferença, é médium” ou que “todos são mais ou menos médiuns”, porquanto, segundo ele nos diz, todos nós recebemos influência dos espíritos, o que veremos um pouquinho mais à frente, quando citarmos O Livro dos Espíritos. É bem provável que, em virtude disso, possamos ver a aplicação do que ele havia dito na Introdução de O Livro dos Médiuns: “Embora cada qual já traga em si mesmo os germes das qualidades necessárias, essas qualidades se apresentam em graus diversos, e o seu desenvolvimento depende de causas estranhas à vontade humana” (KARDEC, 2006a, p. 10) e o que consta logo acima.

Essa visão abrangente é também o que poderemos encontrar em Channing, que, numa mensagem discorrendo sobre os médiuns, disse:

Todos os homens são médiuns. Todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando eles sabem escutá-lo. Quer alguns se comuniquem diretamente com ele, graças a uma mediunidade especial, quer outros só o escutem pela voz interna do coração e da mente. Isso pouco importa, pois é sempre o mesmo Espírito familiar que os acompanha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência, será sempre uma voz que responde à vossa alma, dizendo-vos boas palavras. Acontece, porém, que nem sempre as compreendeis. [...] Ouvi pois essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião que vos estende a mão do alto do céu. Repito, a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos bons. E é desse ponto de vista que todos os homens são médiuns. (KARDEC, 2006a, p. 331-332) (grifo nosso).

Esse Espírito considera a todos nós como sendo médiuns; dando, aos que o são de forma ostensiva, a condição de possuírem “uma mediunidade especial”, o que significa apenas tê-la em um grau maior.

Quanto às expressões “também há poucos nos quais não se lhe encontra algum rudimento” e “raras são as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar”, citadas um pouco atrás, não entendemos que, por isso, existam pessoas que não a tenha, mas é uma maneira de dizer que, mesmo que seja com alguns rudimentos, ninguém a deixa de ter, pois a afirmativa posterior de que “todos os homens são médiuns” parece-nos ser mais forte e, cremos, seja a intenção final de sua afirmação, a qual poderemos corroborar com outra fala do codificador, quando diz sobre os médiuns inspirados:

Todos os que recebem, no seu estado normal ou de êxtase, comunicações mentais estranhas às suas idéias, sem serem, como estas, preconcebidas, podem ser considerados médiuns inspirados. Trata-se de uma variedade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma potência oculta é bem menos sensível, sendo mais difícil de distinguir no inspirado o pensamento próprio do que foi sugerido. O que caracteriza este último é sobretudo a espontaneidade. (KARDEC, 2006a, p. 154) (grifo nosso).

É interessante lermos a nota de rodapé colocada pelo tradutor Herculano Pires sobre o que se fala nesse parágrafo:

Nunca prestamos a devida atenção aos nossos processos mentais. Kardec nos oferece neste livro, como repete no período acima, uma regra de ouro nesse sentido. A psicologia materialista vai hoje se aproximando desse princípio, graças às pesquisas no campo da telepatia. Embora ainda não considere o pensamento dos Espíritos, já admite que recebemos constantemente pensamentos alheios. A observação permite-nos dividir perfeitamente o pensamento que produzimos aos poucos em nossa mente dos que nos são sugeridos. (grifo nosso)

Como proposto no início, não poderíamos ampliar o conceito da mediunidade, tomando também essa assertiva de Herculano?

Após esse nosso destaque, continuemos a transcrição:

Recebemos a inspiração dos Espíritos que nos influenciam para o bem ou para o mal. Mas ela é principalmente a ajuda dos que desejam o nosso bem, e cujos conselhos rejeitamos com muita freqüência. Aplica-se a todas as circunstâncias da vida, nas resoluções que devemos tomar. Nesse sentido pode-se dizer que todos são médiuns, pois não há quem não tenha os seus Espíritos protetores e familiares, que tudo fazem para transmitir bons pensamentos aos seus protegidos. Se todos estivessem compenetrados dessa verdade, com mais freqüência se recorreria à inspiração do anjo guardião, nos momentos em que não se sabe o que dizer ou fazer.

Que se invoque o Espírito protetor com fervor e confiança, nos casos de necessidade, e mais assiduamente se admirará das idéias que surgirão como por encanto, seja para auxiliar numa decisão ou em alguma coisa a fazer. Se nenhuma idéia surgir imediatamente, é que se deve esperar. [...] (KARDEC, 2006a, p. 155) (grifo nosso).

Já havíamos comentado alhures que, pelo fato de termos, cada um de nós, um anjo da guarda, que sempre nos acompanha, todos nós deveríamos ser considerados médiuns, pela condição de podermos receber seus conselhos, não diferente do que aqui é colocado ou, o que é mais provável ter acontecido, dizemos porque veio à nossa mente o que lêramos em algum lugar. Acreditamos que seja o mesmo que está dito no livro Nos domínios da mediunidade, quando Áulus orienta aos dois aprendizes - André Luiz e Hilário -, nestes termos: “A mediunidade é um dom inerente a todos os seres humanos, como a faculdade de respirar, e cada criatura assimila as forças superiores ou inferiores com as quais sintoniza” (XAVIER, 1987, p. 51) (grifo nosso).

Na Revista Espírita de 1865, encontramos uma mensagem intitulada Estudo sobre a mediunidade, assinada por Georges, na qual esse Espírito diz:

A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem; não é nenhuma exceção nem um favor, ela faz parte do grande conjunto humano, e, como tal, está sujeita às variações físicas e às desigualdades morais; sofre o dualismo temível do instinto e da inteligência; possui seus gênios, sua multidão e seus monstros. (KARDEC, 2000b, p. 115) (grifo nosso).

Confirma a mediunidade como uma faculdade que faz parte da natureza do homem, sem que haja exceção de qualquer natureza.

Kardec analisa um artigo extraído do jornal la Discussion, assinado por A. Briquel, do qual transcrevemos:

Os médiuns são dotados de uma faculdade natural que os torna próprios para servirem de intermediários aos Espíritos e produzirem com eles os fenômenos que passam por milagres ou por prestidigitação aos olhos de quem lhes ignora a explicação. Mas a faculdade medianímica não é o privilégio exclusivo de certos indivíduos; ela é inerente à espécie humana, embora cada um a possua em graus diferentes, ou sob diferentes formas. (KARDEC, 1993b, p. 34) (grifo nosso).

Pelas considerações elogiosas que o codificador faz desse artigo, dizendo serem perfeitos os pontos nele abordados, concluímos que ele endossou tudo quanto foi dito, motivo pelo qual trouxemos esse trecho do artigo. Ressaltamos a questão de ser inerente à espécie humana; portanto, todos nós a temos, variando apenas quanto aos graus e formas de sua manifestação, como já foi dito várias vezes.

Outro artigo interessante é o intitulado Mediunidade Mental, no qual Kardec comenta o que lhe escreveu um dos seus correspondentes de Milianah (Argélia), dessa forma:

Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é feita para convencer os incrédulos, porque ela nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que ferem os sentidos; ela é toda para a satisfação íntima daquele que a possui; mas é preciso reconhecer também que ela se presta muito à ilusão, e que é o caso de se desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, dela não se poderia duvidar; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente; porque o nome de pessoas que sentem, no estado de vigília, a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser o seu, é considerável; a impressão agradável ou penosa que se sente às vezes à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são também efeitos que se prendem à mesma causa e constitui uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, porque todos dela possuem pelo menos os rudimentos; mas para sentir-lhe os efeitos marcantes, é preciso uma aptidão especial, ou melhor um grau de sensibilidade que é mais ou menos desenvolvido segundo os indivíduos. A esse título, como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes; mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo mundo obter efeitos idênticos e ostensivos. (KARDEC, 1993b, p. 86-87).

O que está se comentando aqui é sobre uma pessoa que captava os pensamentos do seu guia espiritual, quando em estado de emancipação. Descreve, inclusive, que, nessa situação, recebia, até mesmo, visitas de outros Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados, com os quais entabulava comunicação mental. É a isso que Kardec denomina de mediunidade mental, assegurando que “todos dela possuem pelo menos os rudimentos” e, na seqüência, reafirma que: “como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium”.

Em O que é o Espiritismo, numa de suas respostas ao céptico, Kardec disse:

Além disso, os médiuns são muito numerosos e é raríssimo, quando não o sejamos, não se encontrar algum em qualquer dos membros de nossa família, ou nas pessoas que nos cercam. O sexo, a idade e o temperamento são indiferentes: eles aparecem entre os homens e mulheres, entre crianças, velhos, doentes e pessoas sadias. (KARDEC, 2007, p. 107). (grifo nosso).

Vemos, nesse ponto, que Kardec está tratando o fato “ser médium” no sentido restrito, dizendo que, na hipótese de não sermos médiuns, é raríssimo não encontrarmos um à nossa volta, o que nos faz acreditar que ele, de forma direta, reafirma a questão de todos sermos médiuns, variando apenas a intensidade que a mediunidade aflora em cada um de nós, seres humanos. É o que também concluímos do texto a seguir:

Nossa alma que não é, em definitivo, senão um Espírito encarnado, não é menos Espírito; se está momentaneamente revestida de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, embora menos fáceis que no estado de liberdade, não são interrompidas por isso de maneira absoluta; o pensamento é laço que nos une ao Espírito, e por esse pensamento atraímos aqueles que simpatizam com as nossas idéias e nossas tendências. (KARDEC,1993a, p. 30) (grifo nosso).

Ressalte-se que, pelo fato de estarmos encarnados, não há empecilho para que tenhamos relações com os Espíritos, decorrente, segundo acreditamos, exatamente da circunstância de todos sermos médiuns. Ou estamos indo além do sentido que se pode tirar desse texto?

Dos comentários de Kardec sobre os possessos de Morzine, transcrevemos:

[...] Pela natureza fluídica e expansão do perispírito, o Espírito alcança o indivíduo sobre o qual quer agir, o cerca, o envolve, o penetra e o magnetiza. O homem, vivendo no meio do mundo invisível, está incessantemente submetido a essas influências, como às da atmosfera que respira, e essa influência se traduz por efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta, e que atribui, freqüentemente, a causas inteiramente contrárias. Esta influência difere naturalmente, segundo as qualidades boas ou más do Espírito, assim como explicamos no nosso precedente artigo. Este é bom e benevolente, a influência, ou querendo-se, a impressão, é agradável, salutar: é como as carícias de uma terna mãe que enlaça seu filho nos braços; se for mau e malevolente, ela é dura, penosa, ansiosa e, às vezes, malfazeja: ela não abraça, oprime. Vivemos nesse oceano fluídico, incessantemente expostos às correntes contrárias, que atraímos, que repelimos, ou às quais nos entregamos, conforme as nossas qualidades pessoais, mas no meio das quais os homens conservam sempre seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o seu caminho.

Isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente. A ação do mundo invisível, estando na ordem das coisas naturais, se exerce sobre o homem, abstração feita de todo conhecimento espírita; a ela se está submetido como se o está à influência da eletricidade atmosférica, sem saber a física, como estar doente, sem saber a medicina. [...]

Todo indivíduo que sofre, de um modo qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium; mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chega a constatar a existência do mundo invisível, e pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que se pôde esclarecer sobre a qualidade dos seres que a compõem, e sobre o papel que eles desempenham na Natureza; o médium fez pelo mundo invisível o que o microscópio fez pelo mundo dos infinitamente pequenos. (KARDEC, 2000a, p. 2-9) (grifo nosso).

Na verdade, por estarmos em meio a um “mar de Espíritos” ou “oceano fluídico”, ninguém lhes escapa da influência, seja a dos bons ou a dos maus, motivo pelo qual Kardec concluiu: “isto, como se vê, é completamente independente da faculdade medianímica tal como é concebida vulgarmente”; ou seja, a questão do médium no sentido restrito reafirma, ao que nos parece, o fato de todos sermos médiuns no sentido amplo.

Em Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos remete a uma informação, segundo a qual fica fácil entender a possibilidade de todos nós sermos influenciados uns pelos outros, quer estejamos encarnados ou não. Leiamos:

Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem com as inclinações de desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento. (XAVIER, 1986, p. 88) (grifo nosso).

Isso, se não estamos sendo pretensioso demais, concilia-se com a definição ampla que propomos, mais no início deste estudo.

Vejamos agora as questões de O Livro dos Espíritos, do capítulo IX – Intervenção dos Espíritos no mundo corporal, nas quais iremos encontrar algumas coisas que vêm apoiar a nossa conclusão:

459. Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais, pois freqüentemente são eles que vos dirigem.”

460. Além dos pensamentos que nos são próprios, haverá outros que nos sejam sugeridos?

“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem ao mesmo tempo sobre o mesmo assunto e, frequentemente, bastante contraditórios. Pois bem! Neles há sempre um pouco de vós e um pouco de nós, e é isso que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.”

461. Como distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos?

“Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que ocorrem em primeiro lugar. Aliás, não vos é de grande interesse estabelecer essa distinção, e muitas vezes é útil não sabê-la: o homem age mais livremente. Se decidir pelo bem, ele o fará com maior boa vontade; se tomar o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.”

489. Há Espíritos que se liguem particularmente a um indivíduo para protegê-lo?

“Sim, o irmão espiritual. É o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”

490. Que se deve entender por anjo de guarda?

“O Espírito protetor, pertencente a uma ordem elevada.”

491. Qual a missão do Espírito protetor?

“A de um pai com relação aos filhos: conduzir seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições e sustentar sua coragem nas provas da vida.”

492. O Espírito protetor está ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

“Desde o nascimento até a morte. Muitas vezes ele o segue após a morte, na vida espiritual, e mesmo através de muitas existências corporais, já que tais existências não passam de fases bem curtas da vida do Espírito.” (KARDEC, 2006b, p. 291-329 - passim) (grifo nosso).

Todas as abordagens aqui relacionadas, no tocante à influenciação dos Espíritos, se referem a todos nós, sem qualquer tipo de exceção; e se todo aquele que sofre algum tipo de influência dos Espíritos é um médium, então a alternativa, que se nos apresenta, é concluir que todos nós somos médiuns, pois não existe quem não sofra as suas conseqüências. Podemos corroborar essa afirmativa com um trecho que consta da instrução dos Espíritos na questão 495, assinada conjuntamente pelos Espíritos São Luís e Santo Agostinho. Leiamo-la:

[...] Cada anjo de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o pai vela pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho; sofre, quando seus conselhos são ignorados.

“Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai sempre estar em relação conosco, pois assim sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem limites, para rechaçar a incredulidade e a ignorância. [...] (KARDEC, 2006b, p. 305-306) (grifo nosso).

Clara é a posição desses dois espíritos, que participaram ativamente da codificação Espírita, com base na qual, imaginamos, Kardec tenha formado a sua opinião, para dizer que “todos somos médiuns”. Porém, se a compararmos com o que disse Erasto aí a coisa fica complicada; vejamos: “É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria dos que não são médiuns” (KARDEC, 2006a, p. 212). Para resolver o impasse, pois por aqui se tem a idéia de que nem todos são médiuns, deveremos tomar a sua explicação para tê-la no sentido restrito, não valendo, portanto, para aqueles que são médiuns no sentido amplo. Isso o fazemos apoiando-nos em Kardec. Leiamos um trecho do seu comentário intitulado A Mediunidade e a Inspiração, no qual analisa uma mensagem de Halévy (Espírito), recebida em Paris, pelo grupo Desliens, na data de 16 de fevereiro de 1869:

Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abrange a Humanidade inteira, como uma rede da qual nada pode escapar. Todos estando diariamente em contato, quer o saiba ou não, quer queira ou com isso se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual o vulgo dá o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num sentido ou num outro, e, freqüentemente simultaneamente, ora o bem puro, absoluto; ora os acomodamentos com o interesse; ora o mal em toda sua nudez. - O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu chamado, e ele escolhe; mas escolhe, entre essas diferentes inspirações e seu próprio sentimento. - Os inspiradores são os amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou de passagem, interessados ou verdadeiramente guiados pela afeição. (KARDEC, 2001b, p. 94-95). (grifo nosso).

Ressaltamos o trecho “não há um homem que possa dizer: Eu não sou, eu não fui ou não serei médium”; o que vem reforçar o que se tem dito a respeito do tema.

Concluímos que todos nós somos médiuns, sim, pois não há uma só pessoa que não receba influência dos espíritos; na pior das hipóteses, em duas situações: em uma delas, a do seu anjo da guarda; na outra, é a que acontece durante os estados de emancipação da alma, quando se comunica com os Espíritos que lhe são simpáticos, conforme ficaram aqui demonstrados ambos os casos. Obviamente, que nosso modo de pensar pode não ser comungado por alguns companheiros espíritas, o que, acreditamos, certamente, acontecerá; porém, devemos continuar respeitando a liberdade de cada um ter a sua própria opinião.

Tendo em vista que estamos usando O Livro dos Médiuns traduzido por Herculano Pires, seria oportuno colocarmos a sua opinião constante numa nota de rodapé:

A mediunidade é uma faculdade humana como qualquer outra. Ninguém pode alegar que não a possui, pois todos têm pressentimentos, intuições, percepções extra-sensoriais, sonhos premonitórios e assim por diante. Como as demais faculdades, Deus a distribui segundo as necessidades evolutivas de cada criatura. [...] (KARDEC, 2006a, p. 183) (grifo nosso).

Antes de encerrar nosso estudo seria de bom tom que pudéssemos responder a uma eventual pergunta: deveremos tentar desenvolver a nossa mediunidade? A resposta é que não seria conveniente, pois se deve deixar seguir o curso natural das coisas. Kardec, falando especificamente a respeito da vidência, respondeu a uma pergunta semelhante; leiamos:

a) Essa faculdade pode desenvolver-se pelo exercício?

- Pode, como todas as outras faculdades. Mas é daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor do que o provocado, quando corremos o risco de sobreexcitar a imaginação. A visão geral e permanente dos Espíritos é excepcional e não pertence às condições normais do homem.(KARDEC, 2006a, p. 93)

Ao colocar a faculdade de ver os espíritos como pertencente ao número “daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor”, fácil concluir que considerava, também em relação a outras, ser prudente esperar que surjam naturalmente, embora não as tendo nominado. A razão disso ele atribuiu à possibilidade de sobreexcitar a imaginação.

Trazemos também a opinião do espírito Bezerra de Menezes, conforme podemos ler no livro Recordações da Mediunidade, de autoria de Yvonne A. Pereira:

Os ensinamentos contidos nos códigos espíritas, a advertência dos elevados Espíritos que os organizaram e a prática do espiritismo demonstram que nenhum indivíduo deverá provocar, forçando-o, o desenvolvimento das suas faculdades mediúnicas, porque tal princípio será contraproducente, ocasionando novos fenômenos psíquicos e não propriamente espíritas, tais como a auto-sugestão ou a sugestão exercida por pessoas presentes no recinto das experimentações, a hipnose, o animismo, ou personismo, tal como o sábio dr. Alexandre Aksakof classifica o fenômeno, distinguindo-o daqueles denominados “efeitos físicos”. A mediunidade deverá ser espontânea por excelência, a fim de frutescer com segurança e brilhantismo, e será em vão que o pretendente se esforçará por atraí-la antes da ocasião propícia. Tal insofridez redundará, inapelavelmente, repetimos, em fenômenos de auto-sugestão ou o chamado animismo, isto é, a mente do próprio médium criando aquilo que se faz passar por uma comunicação de Espíritos desencarnados. Existem mediunidades que do berço se revelam no seu portador, e estas são as mais seguras, porque as mais positivas, frutos de longas etapas reencarnatórias, durante as quais os seus possuidores exerceram atividades marcantes, assim desenvolvendo forças do Perispírito, sede da mediunidade, vibrando intensamente num e noutro setor da existência e assim adquirindo vibratilidades acomodatícias do fenômeno. Outras existem ainda em formação (forças vibratórias frágeis, incompletas, os chamados “agentes negativos”), que jamais chegarão a se adestrar satisfatoriamente numa só existência, e que se mesclarão de enxertos mentais do próprio médium em qualquer operosidade tentada, dando-se também a possibilidade até mesmo da pseudo-perturbação mental, ocorrendo então a necessidade dos estágios em casas de saúde e hospitais psiquiátricos se se tratar de indivíduos desconhecedores das ciências psíquicas. Por outro lado, esse tratamento será balsamizante e até necessário, na maioria dos casos, visto que tais impasses comumente sobrecarregam as células nervosas do paciente, consumindo ainda grande percentagem de fluidos vitais, etc., etc. [...] (a) Adolfo Bezerra de Menezes. (PEREIRA, 1989, p. 19-20) (grifo nosso).

Sentimo-nos no dever de apresentar esse alerta, para evitar que pessoas desejosas de possuir a mediunidade na forma ampla, lendo o que aqui colocamos, se sintam incentivadas a buscar o seu desenvolvimento mediúnico e, com isso, acabem trazendo a si mesmas prejuízos psíquicos, cuja responsabilidade poderia cair sobre nossa cabeça, caso não fizéssemos esse alerta.




Paulo da Silva Neto Sobrinho

julho/2008.




Referências bibliográficas:

KARDEC, A. Iniciação Espírita. São Paulo: Edicel, 1986.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2006b.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. São Paulo: Lake, 2006a.

KARDEC, A. O que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

KARDEC, A. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2006c.

KARDEC, A. Revista Espírita 1858. Araras, SP: IDE, 2001a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1859. Araras, SP: IDE, 1993a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1863. Araras, SP: IDE, 2000a.

KARDEC, A. Revista Espírita 1865. Araras, SP: IDE, 2000b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1866. Araras, SP: IDE, 1993b.

KARDEC, A. Revista Espírita 1869. Araras, SP: IDE, 2001b.

PEREIRA, Y. A. Recordações da Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1989.

XAVIER, F. C. Mecanismos da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1986.

XAVIER, F. C. Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1987.

http://www.apologiaespirita.org/index.htm

51 SINTOMAS DO DESPERTAR ESPIRITUAL

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1. Mudança no padrão de sono
Perturbações durante o sono, pés quentes, acordar duas ou três vezes durante a noite. Sentir-se cansado e com sono depois de acordar. Adormecer e acordar durante o dia. O Padrão de 3 Sonos, que acontece frequentemente a muitas pessoas caracteriza-se por: dormir cerca de 2-3 horas, acordar, voltar a adormecer mais 2-3 horas, acordar de novo, voltar a adormecer mais 2-3 horas. Outras pessoas viram alterar-se as suas necessidades de sono, passando a dormir menos. Ultimamente, algumas pessoas sentem enormes ondas energéticas percorrendo o seu corpo a partir da coroa. Estas ondas podem afetar o sono.

Conselho: Habitue-se. Pacifique-se com essa energia, e não se preocupe se não dormir o suficiente (preocupação que, por vezes, pode causar mais insônia). Será capaz de suportar bem o dia se pensar que tem a quantidade certa do que necessita. Também pode pedir ao seu Eu Superior que, de vez em quando, lhe dê um intervalo para poder ter um sono reparador. Se, durante a noite, não conseguir adormecer, aproveite esse tempo para meditar, ler poesia, escrever o seu diário ou olhar para a Lua. O seu corpo ajustar-se-á ao novo padrão.

2. Atividade do chakra coronário (alto da cabeça)
Sensações de tilintar, comichão, formigueiro e arrepios no couro cabeludo e/ou na coluna. Sensação de vibração energética no topo da cabeça, como se a energia jorrasse em chuveiro. Poderá sentir pressão na coroa, como se alguém estivesse a pressionar um dedo contra o centro da cabeça. Como referido no ponto 1, vivemos enormes carregamentos de energia através do chakra coronal. Podemos sentir uma pressão mais generalizada, como se a cabeça estivesse dentro dum aparelho muito suave.

Conselho: Não se assuste. Trata-se da abertura do chakra as coroa. Tais sensações dizem-lhe que você está aberto a receber a energia divina.

3. Repentinas ondas de emoção
Choro convulsivo. Inesperadamente, sente-se zangado, deprimido, triste ou muito infeliz à mínima provocação. Emoções à solta. Muitas vezes a pressão ou as emoções congestionadas são sentidas no chakra do coração (no centro do peito), o que não deve ser confundido com o coração, localizado à esquerda do chakra do coração.

Conselho: Aceite os seus sentimentos como surgem, abençoe-os e deixe-os partir. Sinta a conteúdo emocional da energia no chakra do coração. Expande-a para todos os seus campos e respire profundamente, desde o umbigo até à parte superior do peito. Sinta a emoção e deixe-a evaporar-se. Não dirija as emoções para ninguém. Você está a limpar o passado. Se necessitar de ajuda, diga em voz alta que pretende largar todo esse velho material e peça ajuda ao seu Eu Superior. Também pode pedir aos Anjos da Graça (energia branco cristal) que o ajudem a soltar estas emoções, fácil e suavemente. Agradeça por o seu corpo estar a soltar-se destas emoções, não as retendo dentro de si, o que poderia provocar danos. Uma das nossas fontes sugere que a depressão está ligada às relações de «deixar andar», de relações pessoais, profissionais, etc. que já não servem nem a nós, nem às nossas frequências.

4. Clarificação de carma
Velhos conteúdos parecem estar a ressurgir, como descrito acima, surgindo na sua vida as pessoas envolvidas nesses episódios. Casos de encerramento de processo. Ou talvez você precise trabalhar o seu amor-próprio, abundância, criatividade, apegos, etc. Começarão a aparecer os recursos ou as pessoas de que necessita para auxiliar este trabalho.

Conselho: O mesmo do que para Ponto 3. E ainda: não se envolva demasiado na análise destas situações, pois isso fará com que volte para eles, uma e outra vez, cada vez a níveis mais profundos. Peça ajuda de um terapeuta, se necessitar, e avance. Não tente evitar nem «passar ao lado» destas «memórias». Abrace o que aparecer e agradeça por isso contribuir para o seu desenvolvimento. Agradeça ao seu Eu Superior por lhe dar a oportunidade de se livrar destes «resíduos». Lembre-se, você não quer que eles continuem no seu ADN.
  


Eu encontrei apenas os quatro primeiros sintomas,  no endereço indicado abaixo, neste site tem um link do e-book,   do  Paulo Coelho, e  lá em ele coloca todos os outros sintomas.

Página Desenvolvida por: pedrocoelhoBR@gmail.com

http://www.luzdegaia.org/downloads/livros01.htm

ÁGUA DA PAZ

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Uma das histórias mais conhecidas a respeito de Chico é a da Água da Paz.

Dizem que era muito comum, antes de se iniciarem as sessões no centro espírita Luiz Gonzaga, ocorrerem algumas discussões a respeito de mediunidade, especialmente provocadas por pessoas pouco esclarecidas sobre o assunto.

Essa situação começou a provocar certa irritação em Chico, que tentava explicar o que acontecia, mas nem sempre era compreendido.

Num dos momentos de irritação, sua mãe apareceu a ele mais uma vez e ensinou-lhe uma forma simples para acabar com essa situação.

“Para terminar suas inquietações”, ela falou, “use a Água da Paz”.

Chico ficou contente com a solução e começou a procurar o medicamento nas farmácias de Pedro Leopoldo – sem sucesso.

Procurou em Belo Horizonte, e nada.

Duas semanas depois, ele contou à mãe que não estava encontrando a Água da Paz, ao que ela lhe disse:

“Não precisa viajar para procurar.

Você pode conseguir o remédio em casa mesmo.

Quando alguém lhe provocar irritações, pegue um copo de água do pote, beba um pouco e conserve o resto na boca.

Não jogue fora nem engula.

Enquanto durar a tentação de responder, deixe-a banhando a língua.

Esta é a água da paz”. Chico entendeu o conselho, percebendo que havia recebido mais uma lição de humildade e silêncio.



Bem,  esta é uma história muito conhecida, e publicada em vários livros, mas eu li no livro 'As Vidas de Chico Xavier,  trata-se da biografia definitiva com relatos inéditos após a morte do médium mineiro. Esta é a versão definitiva - revista e ampliada - do best-seller que deu origem ao fenômeno de bilheteria Chico Xavier, filme dirigido por Daniel Filho. Escrita pelo jornalista Marcel Souto Maior.



O QUE É O CH'AN?

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O Mestre Ch'an Ching Yuang disse que o Ch'an é nossa mente. Esta mente não é aquela que discrimina e reconhece as coisas. Ele é nossa "verdadeira mente." Essa verdadeira mente transcende toda a existência tangível, contudo manifesta-se em toda existência do universo. Mesmo as coisas mais comuns no universo estão cheias das sutilezas do Ch'an.


 O Mestre Ch'an Pai Chang disse que o Ch'an é a vivência diária. Ele disse que rachar lenha, carregar água, vestir-se, comer, ficar de pé e andar, tudo é Ch'an. O Ch'an não é algo misterioso. 


O Ch'an está relacionado com nossa vida diária. Portanto, cada um de nós pode experimentá-lo. Hoje, o mundo interior das pessoas está freqüentemente em conflito com o mundo exterior, e a vida torna-se um fardo e um aborrecimento.


 Elas não podem ter prazer e captar os momentos oportunos do Ch'an na vida diária. Em contraste, os mestres Ch'an são bem humorados e interessantes. Apenas com poucas sentenças, eles podem nos livrar de preocupações e inquietação e nos guiar para a verdadeira felicidade.


 Esta transformação para a felicidade é bem parecida como fazer girar uma máquina complexa simplesmente pressionando um botão. Nenhum conhecimento complicado ou repetitivo é requerido. O estado da mente no Ch'an é muito alegre e vivaz”.


Qual é o valor do Ch'an?

 
Quando aplicado na vida diária, o Ch'an acrescenta colorido. Expande nossas mentes, enriquece nossas vidas, eleva nosso caráter, ajuda-nos a aperfeiçoar nossa moral e leva-nos ao estado em que estaremos tranqüilos quando nos encontrarmos na beira da vida e da morte. 


Quais foram então os ensinamentos maravilhosos que os mestres Ch'an legaram por escrito e passaram para nós? Como podemos tentar compreender o deleite do Ch'an através do uso da linguagem?”



 Saúde e longevidade!
 Sublimes abraços
Eu li, gostei, compartilhei e encontrei aqui neste site:

 http://inf.ufrgs.br/~vbuaraujo/misc/historias-chan.html


A CARIDADE

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“É preciso aprender a sacrificar algo de si mesmo pelo bem-estar dos outros; sacrificar o orgulho ante a ofensa; a comodidade ante a necessidade do próximo; a tranqüilidade ante o incômodo alheio. É bom dar do que se tem, mas é melhor dar do próprio ser. O melhor Mestre é o melhor servidor e o melhor servidor é o melhor Mestre”.


Jorge Adoum

 

Um dos fatores de Revolução da Consciência é justamente o sacrifício pela humanidade. Isto se traduz em AMOR CONSCIENTE, que não deseja nada para si, apenas doa-se, da mesma forma que o Sol oferece sua Luz ao mundo sem exigir nada em troca. 

O amor nasce espontaneamente num coração disposto a sacrificar-se. A revolução tem início no momento em que nos damos conta que não vivemos para nós mesmos, mas somos fragmentos da mesma Luz, que derruba a ilusão da separatividade e nos coloca diante da radiosa realidade da Unidade. Basta perceber que somos o reflexo de nossas próprias ações e pensamentos.
Caro leitor, tens a oportunidade grandiosa de fazer algo pelo mundo. Saiba que a menor das tuas ações terá influência sobre a VIDA em todos os planos, uma vez que tudo está interligado. Não desanimes e não te julgues incapaz; olhe para os lados e verás que, bem próximo a ti, há muita gente que precisa de ajuda. Idosos maltratados, abandonados em asilos, precisando de carinho e atenção; crianças sem abrigo e sem esperança; jovens marginalizados e sem perspectiva de futuro; desemprego e miséria em muitas famílias.

Reflitamos sobre a agonia do mundo. E façamos algo concreto. Sem amor, não somos nada. A caridade não se resume apenas a auxiliar uma vez por ano, ela deverá ser feita diariamente e, acredite, ela acrescentará muito em sua vida, pois esta é uma energia em movimento.

Muitos acham que caridade é doar “dinheiro”. Esta palavra podemos substituir sabiamente por: motivação, amor, carinho, etc. Às vezes um simples sorriso ou um olhar carinhoso é o mais importante que se poderia doar. E sempre devemos fazer a caridade com um milhão de pensamentos que preencham o coração do próximo. Aceitar auxílio e reconhecê-lo também é uma caridade, pois a aceitação de algo se torna uma ação positiva na vida de quem tem nos auxiliado. Todo ato deve ser feito com sabedoria e conscientemente.


 Paz Profunda! 

 Eu li, gostei, compartilhei e encontrei aqui neste site:

 http://www.luzbrilhante.org.br/conteudo.php?titulo=Caridade



 

OS DEZESSEIS PRECEITOS

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Três Preceitos Iniciais:

- Buda.
- Dharma
- Sangha.

Três Preceitos Puros:

- Evitar cometer atos maus.
- Fazer o bem.
- Acudir e beneficiar todos os seres.

Dez preceitos das ações perniciosas:

- Não tirar a vida.
- Não roubar.
- Não se deixar levar por arroubos sensuais.
- Não mentir.
- Não tomar bebida inebriante.
- Não falar do defeito dos outros.
- Não elogiar a si mesmo e nem caluniar os outros.
- Não ter vaidade em praticar o Dharma.
- Não alimentar a raiva.
- Não maldizer os Três Tesouros.





Os Preceitos de Bodisatva

 Monja Coen Sensei 

Perspectivas literal, subjetiva e intrínseca.


Tanto nas escolas Rinzai quanto Soto do Zen, o estudo detalhado dos preceitos ocorre ao término do treinamento formal. Os estudantes de koans da escola Rinzai podem se preparar constantemente, por até dez anos, antes de começarem a estudar koans sobre os preceitos (ou vinte ou trinta anos, se a preparação não for contínua). Similarmente, na escola Soto, o estudo detalhado dos preceitos ocorre quando o aluno está chegando ao fim do treinamento formal.

Em minha linhagem, o exame detalhado dos preceitos envolve o estudo dos dezesseis preceitos de Bodisatva bem como dos comentários feitos sobre eles por Bodidarma (que trouxe o Budismo da Índia para a China) e por Dogen. O estudo inclui 150 a 200 koans que tratam especificamente dos preceitos como formulados pelo professor Soto, do século XX, Daiun Harada Roshi.

Mesmo que, na abordagem tradicional, o estudo dos preceitos ocorra mais ao fim do que no início da preparação dos estudantes, devemos recordar que os preceitos são parte do sangue e da medula do treinamento do monge Zen, implicitamente presentes em cada aspecto da prática. De fato, a vida monástica é estruturada de tal forma que as atividades diárias incorporam esses preceitos. Além disso, os monges Zen japoneses leem muito sobre os preceitos antes de estudá-los formalmente; o número de livros japoneses sobre o tema é extenso!

Por isso acredito que, no Ocidente, onde a maioria dos praticantes Zen não é monástica, devemos estudar e discutir os preceitos no começo do estudo formal em vez de no final, mantendo o hábito de retornar aos mesmos enquanto nossa prática amadurece. Ao fim podemos fazer um estudo mais formal dos preceitos, porém é importante que estes se tornem parte de nossa medula, de nossa essência e de nossa vida desde o início.

E por que, no Japão, considera-se inapropriado o estudo dos preceitos nos primeiros estágios da prática? Porque, a princípio, o praticante não tem a chamada sabedoria fundamental ou um insight penetrante sobre o vazio que lhe permita ver ou apreciar facilmente os preceitos de um ponto de vista intrínseco.

Na época de Xaquiamuni Buda, as regras ou linhas diretivas que governavam as ações da sanga se desenvolviam de uma maneira orgânica, específica, em resposta a determinadas situações. Geralmente, para cada regra formulada por Xaquiamuni Buda, havia uma situação concreta correspondente. Por exemplo, naquela época, o algodão era um tecido caro e luxuoso[1]. Os monges mendicantes eram sempre convidados a visitar os lares dos leigos que se desdobravam para conseguir lhes oferecer camas e travesseiros de algodão. Já que se pressupunha que os monges deveriam levar uma vida muito simples e não se considerar como seres especiais, Xaquiamuni Buda formulou uma regra contra o uso do algodão. O propósito geral de todas as regras era promover a harmonia da sanga.

Entretanto, quando essas regras foram transportadas de cultura para cultura através dos séculos, a tendência foi cada vez mais esquecer seu contexto original. Assim, indicações, que começaram relativas, situacionais, acabaram se tornando normas absolutas, obrigatórias. Outra consequência dessa assimilação cultural foi uma divisão entre as comunidades leigas e monásticas. Tornou-se comum, em determinadas formas de Budismo, somente os monges receberem a série completa de preceitos enquanto os praticantes leigos recebiam uma série bem menor. Além disso, em estágios diferentes da vida monástica, os monges passaram a receber grupos diferentes de preceitos tirados da série completa. Em algum ponto na história da seita Zen, a transmissão da série completa de preceitos aos monges foi interrompida. Em vez disso, passaram a ser transmitidos os agora chamados Preceitos de Bodisatva, dados tanto a leigos quanto a monásticos.

Esses dezesseis Preceitos de Bodisatva diferem significativamente, em espírito e intenção, daqueles da série de regras originais desenvolvidas nos dias de Xaquiamuni Buda. Em vez de prescrever regras de conduta, eles descrevem os vários aspectos que nos constituem fundamentalmente. Por essa razão, é impossível transgredi-los em essência; de fato, não tem sentido falar de transgressão. Todavia, quando nós os estudamos, parece impossível não transgredi-los. Ambas as afirmativas são verdadeiras. Torna-se necessário apenas estabelecer uma distinção entre transgredi-los, por um lado, e quebrá-los, por outro.

Pegue um copo e pense nele como sendo os preceitos. A cada momento nós o sujamos, turvamos, deixamos manchas no vidro. Por quê? Porque nós o utilizamos! Mesmo se o deixarmos de lado, sem usá-lo, ele ficará sujo. Transgredir os preceitos é sujar o copo pelo uso; quebrá-los é deliberadamente despedaçar o vidro. Nós dizemos que, a não ser por um completo colapso nervoso ou suicídio, nada quebra os preceitos, apenas os transgride. Tudo, exceto a real autodestruição, implica somente uma transgressão que constantemente reparamos ao limpar o copo.

Deixe-me falar sobre três maneiras de olhar os preceitos e assim explicar porque nós não podemos transgredi-los, embora a cada instante o façamos. São três as maneiras de olhar os preceitos: a literal, a subjetiva e a intrínseca (a natureza-buda). Da perspectiva literal, é simplesmente proibido desobedecer qualquer dos preceitos por qualquer razão, independente do contexto ou das circunstâncias cambiantes. Por exemplo, consideremos a regra de que um monge não deve sentar ou dormir – ou mesmo ficar em pé – sobre qualquer objeto de algodão. Certa vez um monge budista Theravada visitou o Zen Center de Los Angeles. Como ele observava essa regra, nós removemos tudo que era feito de algodão do centro, incluindo as almofadas e esteiras que usávamos para meditação. Da perspectiva literal, o que fizemos foi absolutamente necessário; não havia razão ou desculpa para não concordar com a remoção. Tal espírito de obrigação incondicional e de obediência caracteriza a perspectiva literal. De seu ponto de vista, cada um dos dezesseis preceitos expressa um mandamento realmente obrigatório.

Não é o mesmo caso, porém, das perspectivas subjetiva e intrínseca. A perspectiva subjetiva tem dois aspectos: a compaixão e um sentido mais ou menos intuitivo de retidão e do que é apropriado. Já que compaixão aqui significa o funcionamento da sabedoria prajna, esse aspecto depende da profundidade da realização do praticante, o que também salienta sua habilidade de determinar intuitivamente o certo ou o errado em uma dada situação ou circunstância. Dessa perspectiva, a agitação e o aborrecimento causados pela acomodação do monge Theravada, em razão de todo aquele esforço estar sendo feito apenas para uma pessoa e de o algodão não ser mais um item de luxo, tudo teria que ser levado em consideração antes da tomada de qualquer atitude.

A terceira perspectiva é a intrínseca, a que expressa o ponto de vista do estado do vazio, o reino da unicidade. Desse ponto de vista, é impossível transgredir qualquer dos preceitos porque não há algo chamado preceitos nesse reino (ou qualquer outra coisa, aliás). Não há aspectos da vida, há somente o Corpo Único da vida em si mesma, desprovido de qualquer traço de multiplicidade, mas nunca o mesmo a cada instante. Não há diferença entre o algodão e qualquer outro produto, não há distinção entre luxuoso e não luxuoso. Não há distinções em absoluto no estado do vazio.

O problema é que supostamente deveríamos manter os preceitos a partir de todas as três perspectivas ao mesmo tempo, sem fazer escolhas entre uma ou outra. Do ponto de vista intrínseco, não há como transgredir os preceitos; do ponto de vista literal, quase não há como não transgredi-los. Parece impossível manter as três perspectivas de modo simultaneo, a não ser permanecendo plenamente no estado de unicidade.  De fato, a forma como podemos evitar as transgressões aos preceitos é pela “expiação” das mesmas, penetrando no estado de não-separação.

Da perspectiva intrínseca, dizemos que os dezesseis Preceitos de Bodisatva podem ser condensados no primeiro: Seja Buda, Seja o Iluminado, esteja em harmonia (seja em-um). Este primeiro preceito então se desdobra nos Três Tesouros:

Seja Buda.
Seja o Darma.
Seja a Sanga.
Os Três Tesouros são o fundamento ou a manifestação da fonte de nossa vida.
Em seguida, vem os Três Preceitos Puros:
Evitar o mal.
Fazer o bem.
Fazer o bem aos outros.

Eles são chamados o Corpo dos Três Tesouros. Os Preceitos Puros, quando desdobrados, tornam-se os Dez Preceitos Graves, que são o funcionamento do corpo dos Três Tesouros.

O propósito do estudo dos preceitos consiste em aprofundar nossa consciência sobre os diferentes aspectos de nossas vidas e sobre o fato de que sujamos o copo o tempo inteiro. Como resultado, somos guiados no sentido de cuidar melhor do copo. As razões ou causas pelas quais o copo fica sujo não são necessariamente uma questão de certo ou errado nem, no fim das contas, tão importantes quanto limpar o copo. Quando estudamos os preceitos, nosso entendimento de – e gratidão por – tudo envolvido no processo de sujar e limpar o copo é aprofundado e desdobrado.  Essa é a razão pela qual se dá ênfase à limpeza em um monastério Zen.  Não importa se achamos que algo está de fato limpo ou sujo; simplesmente limpamos! A limpeza continua constantemente. Nessa lida, o estudante Zen acaba por se tornar o processo de limpeza, mudando inevitavelmente em sua relação consigo mesmo, com seu meio-ambiente e com as pessoas que encontra. Entretanto, embora sempre presente desde o começo da prática, o processo de limpeza convive, ao mesmo tempo, com o desenrolar dos eventos cotidianos que tornam a vida igualmente uma bagunça constante. É interminável. Nunca alcançamos o ponto de não mais precisar limpar o copo.

O ato de limpar – literal ou metaforicamente - é um dos pontos mais importantes no estudo Zen dos preceitos. Lavamos os pratos e daqui a pouco ganhamos uma nova pilha deles para lavar. Nunca termina! A consciência desse processo, porém, não produz passividade ou paralisação, levando as pessoas a deixarem os pratos se amontoarem na pia.  Olhamos para a bagunça se formando e partimos para a ação. Momento a momento, as circunstâncias nos empurram, para fora dos esquemas de auto-organização que temos em mente, e nos fazem funcionar em meio ao caos. Como agir? Agindo simplesmente!

Os Três Tesouros e os Três Preceitos Puros
Os três primeiros preceitos, que são os Três Tesouros, podem ser traduzidos de várias formas. Eu os traduzo como:
Seja Buda.
Seja o Darma.
Seja a Sanga.

Quando meu mestre, Taizan Maezumi Roshi, e eu trabalhamos na tradução dos Três Tesouros, para a cerimônia de recebimento dos preceitos, ponderamos qual seria a melhor tradução para o verbo “ser” na enunciação dos três primeiros preceitos: se na forma imperativa “seja” ou no gerúndio “sendo”. Decidimos, então, que o oficiante diria “Seja Buda, Seja o Darma, Seja a Sanga” e que a pessoa iniciante responderia “Sendo Buda, Sendo o Darma, Sendo a Sanga”. Outras traduções aceitáveis são “prestando tributo a Buda” ou “refugiando-se em Buda”.

Do ponto de vista intrínseco, a tradução apropriada seria “sendo Buda”, pois desde o início já somos o próprio Iluminado. Precisamos descobrir e experimentar essa realidade e, mesmo sem sucesso, devemos tê-la sempre em mente.

Da perspectiva intrínseca, não se pode vir a ser Buda. “Seja Buda” reflete o ponto de vista experimental. Você tem que entender que é Buda. Sendo Buda, temos que nos tornar Buda, temos que aprofundar nossa compreensão dessa natureza até que não tenhamos mais um conceito sobre ser o Iluminado. Uma vez que se tenha experimentado esse estado, “sendo Buda” e “Ser Buda” se fundem.

Há três formas diferentes de olhar para os Três Tesouros. A primeira consiste no Corpo Único dos Três Tesouros, refletindo a perspectiva de que somos todos uma coisa só, constantemente mudando, evoluindo e se desdobrando. Por exemplo, estamos caindo com e como a flor que se desprende da árvore em Los Angeles. Da perspectiva do Corpo Único dos Três Tesouros, Buda é o mundo do vazio. Não se trata de uma espécie de espaço vazio, mas, ao contrário, do universo inteiro; ou, em termos matemáticos, trata-se do conjunto universal que contém ou é tudo que existe.  Se esse conjunto universal está pleno a ponto de transbordar com tudo que existe sem exceção, em que sentido é vazio? No sentido de que contém toda a existência antes de nomearmos os seres assim ou assado, completamente independente de todos os conceitos, rótulos ou categorias. Se não houver conceitos, não haverá forma de excluir qualquer coisa desse conjunto universal; isso é o que o torna universal. Excluir algo requer a percepção, a consciência de que algo é isso ou aquilo. Esse interesse compulsivo por discriminar os objetos é o que nos mantém incapazes de compreender que nós somos o conjunto universal. Para ser o conjunto universal indivisível precisamos não-conceituar.

O Darma do Corpo Único dos Três Tesouros se constitui do mundo das formas, dos fenômenos, da multiplicidade. Equivale a todas as formas possíveis com as quais se pode classificar ou conceitualizar as partes do conjunto universal. Ao olharmos para uma mandala, vemos uma imagem ou modelo desse conjunto universal: no centro se encontra o Buda Vairochana representando o mundo do vazio e disseminando, a partir de seu centro, todas as formas possíveis. O centro se constitui de todas as formas possíveis; todas as formas possíveis constituem o centro. Assim ocorre porque o centro é um ponto sem dimensão. Sendo nada, não exclui nada; excluindo o nada, é tudo.

A Sanga do Corpo Único dos Três Tesouros se constitui da harmonia existente entre Buda e o Darma, a unicidade e a multiplicidade, o vazio e a forma. Essa harmonia resulta do fato de que Buda e o Darma são a mesma coisa. Eles são distintos e iguais simultaneamente. Então, quando assumimos o compromisso de nos tornar o Buda, o Darma e a Sanga, estamos nos comprometendo a ser tudo isso. Intrinsecamente, não há como não sermos os Três Tesouros, mas, ao mesmo tempo, precisamos experimentar essa realidade e tomar consciência dela. Não podemos nos contentar em simplesmente dizer: “Eu sou Buda, então não há mais nada a fazer”. Nós temos que assimilar o que são os Três Tesouros.

A segunda forma de olhar para os Três Tesouros é chamada Os Três Tesouros Realizados (ou Manifestados). Nesse caso, Buda é Xaquiamuni Buda, visto não como a figura histórica mas sim como a corporificarão da consciência de que somos todos essencialmente seres iluminados. Quem quer que seja iluminado é Xaquiamuni, a manifestação dessa consciência. Ao não se dar conta dessa realidade, embora qualquer um possa tranquilamente se chamar de Vairochana Buda (a representação da iluminação original ou intrínseca), não poderá, da mesma forma, chamar-se Xaquiamuni Buda (a realização da iluminação intrínseca).

O Darma dos Três Tesouros Realizados consiste nos ensinamentos do Iluminado que geralmente se referem aos ensinamentos de Xaquiamuni Buda como expressos nos sutras. Entretanto, em um sentido mais amplo, nós também podemos falar sobre os ensinamentos de qualquer pessoa realizada como o Darma dos Três Tesouros Realizados. A sanga dos Três Tesouros Realizados se constitui dos discípulos do Iluminado que realizaram o Caminho. Assim quando assumimos o voto de ser Buda, o Darma e a Sanga, nós nos comprometemos a ser o Buda realizado, o Darma realizado e a Sanga realizada.

A terceira forma de olhar para os Três Tesouros é chamada os Três Tesouros Mantidos. Quando estudamos os Três Tesouros deste ponto de vista, estudamos a importância da linhagem e da transmissão do Darma. Embora, estritamente falando, não haja nada a transmitir, temos que transmitir o Darma; essa é a prioridade número-um dos professores Zen. Os Três Tesouros são mantidos pela continuidade da linhagem intrinsecamente ininterrupta desde Xaquiamuni Buda até o presente. (A linhagem de fato começa com os Sete Budas, anteriores a Xaquiamuni Buda, há um tempo incalculavelmente distante!).

O Buda dos Três Tesouros Mantidos se refere a todas as imagens, fotos e formas dos iluminados. Quando chegamos à sala de estudos e nos deparamos com os retratos de nossos professores, entendemos que eles também são parte de nosso compromisso de nos tornarmos o Buda dos Três Tesouros Mantidos.

O Darma dos Três Tesouros Mantidos consiste em todos os teishos, ou palestras Zen, de um mestre Zen. Teisho é uma palavra de difícil tradução porque não se encaixa em nenhuma classificação apropriada. Digamos que um teisho seja a fala de alguém iluminado. Os teishos afastam as opiniões em vez de acrescentar novas ideias a nossa bagagem de conceitos. O Darma nesse sentido inclui não apenas as falas como também as ações dos iluminados.

A Sanga dos Três Tesouros Mantidos se refere a todas as pessoas que se comprometem com o Caminho de Buda e praticam para realizá-lo.

Os Três Tesouros são importantes como a roda do leme que nos mantém no rumo certo.
Os Três Preceitos Puros são:
Evitar o mal.
Fazer o bem.
Fazer o bem aos outros.

“Evitar o mal” enfatiza não contribuir para o aumento da delusão no mundo, sendo essencialmente uma forma passiva de olhar a vida. Por contraste, “fazer o bem” enfatiza agir para o aumento da clarificação espiritual no mundo, sendo, por isso, uma forma mais ativa de ver a vida. “Fazer o bem” enfoca o que podemos fazer para melhorar nossa própria situação. “Fazer o bem aos outros” aciona todas as esferas aparentemente externas a nós mesmos. O primeiro e o segundo Preceitos Puros lidam conosco e o terceiro com os outros.

Quando falamos do ponto de vista intrínseco, onde não há separação entre o eu e o outro, os três preceitos se fundem.

Toda a ação que fazemos pode ser encarada do ponto de vista dos Três Preceitos Puros. Sempre podemos nos perguntar: o que estou fazendo, exatamente agora, é mau ou me torna uma pessoa mais deludida? O que estou fazendo, neste exato instante, melhora minha situação ou me traz o bem? O que estou fazendo agora é bom para os outros? “Evitar o mal” me diz para não fazer nada que possa vir a tornar uma situação mais deludida. O que estou fazendo me ajuda a entender o significado da vida? Essa questão se origina do ponto de vista do “Fazer o bem.” O que estou fazendo ajuda as pessoas a entenderem o significado da vida?  Essa questão se origina do ponto de vista do “Fazer o bem aos outros.”

Vamos dar uma olhada na atividade da meditação Zen (Zazen) em termos dos Três Preceitos Puros. Quando a vemos como um tempo que nos damos do estresse da vida diária, nós a consideramos em termos de “Evitar o Mal”. Quando a encaramos como uma terapia individual – para encontrar paz de espírito, tranquilidade, descanso, etc. - nós a encaramos em termos de “Fazer o Bem”.

Entretanto, é no “Fazer o bem aos outros” que reside a maior importância do Zazen porque este progressivamente quebra a distinção entre o eu e o outro. Trata-se de uma fonte de energia poderosa e irrestrita que flui de forma natural e se estende infinitamente a todo o universo. Não se pode tentar pará-la porque, se o fizermos, não se tratará mais de prática Zen, já que o Zen equivale a toda a vida. Aquelas pessoas que buscam no Zen algum tipo de santuário estão implicitamente rejeitando a vida inteira e se contentando com apenas uma parte dela onde possam se sentir à vontade. Temos que ser o Bodisatva “praticando em profunda prajanaparamita”, o que significa abandonar qualquer fantasia de descanso. Quando fazemos Zazen nos tornamos conscientes de um centro sem forma – como o olho de um furacão – que é extremamente calmo e, ao mesmo tempo, um redemoinho de tremenda atividade abrangendo tudo. A energia do Zazen naturalmente nos leva além dos preceitos “Evitar o mal” e “ Fazer o bem”, ambos restritos à esfera do eu, para a esfera do “Fazer o bem aos outros”.

Um poeta chinês certa vez perguntou a um mestre Zen: “-O que é mais importante no Budismo?” O professor respondeu: “-Evitar o mal e fazer o bem.” O poeta disse: “-Até uma criança de três anos pode repetir essas palavras.” O mestre replicou:    “- Sim, mesmo uma criança de três anos pode repetir essas palavras, mas até uma pessoa de oitenta anos ainda acha difícil realizá-las.”

Frequentemente acontece de fazermos alguma coisa boa para nós – porque nos ajuda a clarificar a compreensão do sentido da vida – que pode não ser boa para os outros. Um exemplo é deixar nossas crianças se virarem sozinhas pela manhã para que possamos nos sentar no zendo. Precisamos sempre olhar para o que acontece da forma o mais objetiva possível, sabendo, ao mesmo tempo, que, independentemente do lugar de onde observamos, nunca veremos tudo com clareza suficiente.

Outra considerável fonte de conflito durante a prática tem a ver com optar por evitar o mal sem entender que essa opção passiva pode desrespeitar os outros Preceitos Puros que enfatizam a importância de se fazer algo, não apenas sentar. O importante é ter em mente que cada ação, cada decisão, deve ser encarada do ponto de vista de todos os três preceitos. Não se trata de escolher um em detrimento do outro. Os três estão simultanea e implicitamente presentes em qualquer ação ou decisão.

Trata-se de olhar o que ocorre tão claramente quanto possível, sabendo ou não o que fazer. A total confiança em nossas ações e decisões surge somente com a plena iluminação, então não podemos realisticamente ter grandes expectativas a esse respeito. Além do mais, mesmo após o surgimento da confiança plena, continuaremos a transgredir os preceitos. A diferença da situação anterior é que perceberemos porque os transgredimos. Vemos a forma pela qual cada ato se constrói, conjuntamente com um intrincado conjunto de circunstâncias e condições, e como a satisfação de uma ou mais perspectivas transgride algumas tantas outras. Por essa razão, precisamos estar constantemente reparando nossos erros, o que não significa autopunição. Significa, novamente, tornar-se em-um (estar em harmonia), condição imprescindível para o Zazen e para o aprofundamento da prajanapramita.

Fazer Zazen é ver a interconexão de toda a vida, de todo o Corpo Único. É perceber como nosso sentar e tudo que fazemos afeta todo o mundo e todas as coisas. No entanto, mesmo não conseguindo constatar essa realidade, devemos pelo menos aceitar o fato de que ela existe. Precisamos entender que o que chamamos eventos, pessoas ou objetos são apenas relacionamentos e intersecções de fenômenos que refletem todas as outras intersecções de fenômenos. Esse entendimento é o grande salto que devemos dar em nosso sentar, com a certeza de que teremos sucesso porque não somos nada além do que o próprio salto!

Tudo que fazemos, até dormir sozinhos no quarto com as luzes acesas, afeta o todo o universo. Quando realmente nos conscientizamos disso, nossa vida inteira muda. Compreender quem ou o que somos é compreender que somos este Corpo Único. No momento em que nos conscientizamos disso, tudo no Corpo Único é realizado. Então vemos quanto há para fazer porque nossa perspectiva, inicialmente restrita ao eu, não está mais limitada agora. Quando nos vemos como parte de tudo que existe, percebemos o quanto há para ser feito. Limpar o copo é uma tarefa sem fim, e é precisamente esse limpar interminável o que caracteriza o estado do Corpo Único.


GLASSMAN, Bernard (Bernard Tetsugen). The Bodhisattva Precepts. In:Infinite Circle in Zen/Bernie Glassman. Tradução de Gozen Míriam Martinho. Boston, Massachussets: Shambhala Publications, Inc, 2002, p. 109-117.

 Fonte:

 http://www.monjacoen.com.br/textos-budistas/textos-diversos/345-os-preceitos-de-bodisatva




SER ZEN BUDISTA

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É ver vida em todo segmento.
É segmentar-se e experimentar-se a si próprio.
É sentar-se enquanto o mundo gira.
É respirar o hálito de Deus.
É mais auxiliar que ser auxiliado.
É aprender auxiliando.
É admitir que possui orgulho e que precisa corrigir.
É admitir que é invejoso, e que precisa corrigir.
É admitir que é mesquinho, e precisa corrigir.
É Admitir que é vaidoso, e precisa corrigir.
É admitir que é cheio de imperfeições, e precisa corrigir.
É estar a todo o momento vigilante.
É sentar quando estiver cansado.
É beber quando estiver com sede.
É comer quando estiver com fome.
Ser budista é ser como você é.
Ser budista é ser como seu vizinho é.
Ser budista é ser como seus pais são.
Ser budista é ver a vida como uma escola.
Ser budista é aprender a todo o momento.
Ser budista é aprender com toda a espécie.
Ser budista é ser como Buda.
Ser budista é ser como Kannon.
Ser budista é fazer Dokusan
Ser budista é Fazer Zazen.
Ser budista é ser você.
Ser budista é ser seu próximo.
Ser budista é ser ZEN.



Fonte:

http://www.dignow.org/blog/sendozen-19753-36980.html

https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20110428082412AAl13zt

O caminho da prática – Plena Atenção

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Thich Nhat Hanh


(...) Somos nossa felici­dade, nosso sofrimento, nosso amor e nossa raiva. Tratamos todas as forma­ções mentais da mesma maneira, com espírito de não-dualidade. Não faze­mos de nós um campo de batalha, onde um lado luta com o outro. E é isso exatamente o que algumas tradições nos ensinam – [que] o certo deve combater para vencer o errado. No budismo, vemos os dois lados como sendo nós mesmos e tentamos aceitar e examinar todas as partes, reconhecendo sua na­tureza interdependente. Temos que aceitar as aflições, as formações mentais nocivas, antes de poder transformá-las. Quanto mais as combatemos, mais fortes se tornam. Quanto mais as reprimimos, mais importância ganham.

O que fazer para transformar essas sementes de sofrimento tão pro­fundamente enraizadas? Há três maneiras de trabalhá-las. A primeira coisa a fazer é semear e regar as sementes de felicidade. Em lugar de trabalhar­mos diretamente com as sementes de sofrimento, fazemos com que as se­mentes de felicidade as transformem. Deixamos as sementes de sofrimen­to ficarem sossegadas na consciência armazenadora enquanto plantamos novas sementes de paz, alegria e felicidade ou nutrimos as que já tenham brotado. A consciência mental envia essas sementes de paz e felicidade pa­ra transformarem as sementes de sofrimento profundamente enraizadas. Essa é uma transformação indireta.

A segunda maneira é praticar permanentemente a plena consciência de modo a estarmos aptos a reconhecer as sementes do sofrimento quando elas surgem.Assim, todas as vezes que sementes de sofrimento se manifes­tarem como formações mentais, elas serão banhadas pela luz da plena cons­ciência. Ao entrarem em contato com a plena consciência, elas ficam enfra­quecidas. Se não estivermos plenamente conscientes, não seremos capazes sequer de reconhecer as sementes de sofrimento. Com a plena consciência, podemos reconhecê-Ias e não mais as temer.

Se um pássaro for atingido por uma flecha, todas as vezes que enxer­gar um arco ficará com medo. Deixará até de pousar num galho que tenha a forma de arco. Se formos feridos quando crianças, as sementes de sofri­mento que recebemos estarão conosco ainda hoje. A maneira de nos rela­cionarmos com a vida no momento presente baseia-se nessas sementes. To­dos os dias, sementes do passado se manifestam na nossa consciência mental, e por não terem sido banhadas com a luz da plena atenção, não te­mos consciência delas.Se estivermos com a mente plenamente atenta, to­das as vezes que tais sementes brotarem, poderemos reconhecê-las."Oh, é você! Eu a conheço." Só esse reconhecimento já as faz perder um tanto de seu poder sobre nós. As sementes de sofrimento são um campo de energia, como o é também a plena atenção. Quando esses dois campos se encon­tram, as sementes de sofrimento são transformadas. A transformação ocor­re no contato daquelas sementes com a plena consciência.

A terceira maneira de lidar com as aflições que carregamos conosco desde a infância é deliberadamente trazê-las para a nossa consciência men­tal.Se nossa plena consciência estiver forte e firme, não há por que espe­rar que as sementes de sofrimento surjam inesperadamente. Sabemos que elas jazem no porão da nossa consciência armazenadora e as convidamos para virem até nossa consciência mental - desde que esta não esteja ocu­pada com outras coisas e assim possa verter sobre elas a luz da plena cons­ciência. Chamamos a tristeza, o desespero, os arrependimentos e as sauda­des que no passado nos foi difícil tocar, e os convidamos para sentarem-se e conversar conosco, como velhos amigos. Porém, antes de convidá-Ios, devemos nos certificar de que a lâmpada da plena consciência está acesa brilhando firme e forte.

Se praticamos esses três modos de lidar com nossas sementes de sofri­mento, adquirimos estabilidade. Mas a pessoa que está passando por um grande sofrimento e não sabe como praticar a plena consciência, não deve começar pelo terceiro método - convidar as sementes de sofrimento a vi­rem até a consciência mental.Antes deverá nutrir e fazer brotar as semen­tes de felicidade. Quando a pessoa tiver feito progressos no primeiro méto­do e aprendido a gerar mais energia de plena consciência, ela poderá tentar o segundo método, o de aceitar e reconhecer o sofrimento quando ele sur­ge. Quanto maior a capacidade de reconhecer as sementes de sofrimento, mais elas enfraquecem. Finalmente, sentindo-se forte o suficiente, a pessoa poderá usar o terceiro método convidando as sementes de sofrimento a vi­rem até a consciência mental onde a plena consciência poderá tocá-Ias e transformá-las.

Lidar com o sofrimento é como segurar uma serpente venenosa. Te­mos que aprender tudo a respeito da serpente, nos fortalecer, nos tornar mais seguros a fim de que possamos pegá-Ia sem que ela nos fira. No fim desse processo, estaremos prontos para enfrentar a serpente. Se nunca a en­frentarmos, um dia ela nos surpreenderá e morreremos de uma picada dela. A dor que carregamos nos níveis profundos da nossa consciência é seme­lhante. Quando cresce e nos enfrenta, nada podemos fazer se não tivermos praticado para fortalecer e tornar estável a plena consciência. Somente quando estamos prontos, é que devemos convidar nosso sofrimento para vir à tona. Então, quando ele vem, nós podemos manobrá-Io com seguran­ça. Para transformar nosso sofrimento, não lutamos nem procuramos nos livrar dele. Simplesmente o banhamos com a luz da plena consciência.

(...) Com a energia da plena atenção, podemos lidar com as flores e o lixo que estão em nós. Com a plena consciência, protegemos as flores e fazemos o lixo voltar a ser flor. Não temos mais medo do nosso lixo. Um bodhisattva sabe como transformar seu lixo novamente em flores. A pessoa tola procura fugir do lixo, mas se tentamos abandoná-lo, que tipo de alimento teremos para nutrir nossa flor?

Há momentos em que somos capazes de ver a natureza da interexistên­cia nas pessoas e nas coisas. Mas há outros em que esquecemos e recaímos no mundo da construção imaginária. É por isso que a prática continua é im­portante para que a flor da iluminação desabroche permanentemente no campo da nossa consciência mental. Assim como a luz do sol brilha sobre a vegetação fazendo-a crescer, toda vez que acendemos a luz da plena cons­ciência, podemos transformar todas as formações mentais. Toda formação mental é sensível à energia da plena atenção. Quando a formação mental é saudável, a plena atenção a ajuda a crescer e florir. Quando a formação men­tal é negativa, a energia da plena atenção pode transformá-la em algo posi­tivo.

A plena consciência é a própria essência da nossa prática.


(Thich Nhat Hanh, in “Transformações na consciência – de acordo com a psicologia budista”, pág. 231-233).



Fonte:

http://groups.google.com/group/sangha-vix/web/no-espelho-da-morte

WAKAN TANKA

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 No caminho  da vida par os índios Sioux, (Cauda Pintada, dos Sioux Brulés) o termo 'WakanTankasignifica  'o Sagrado'   ou 'o Divino',     sua origem ortográfica vem na língua  padrão do Lakota:  (WakȟumTȟAnka). Isto é geralmente étraduzido como "O Grande Espírito".   No entanto, de acordo comRussell Means, o seu significado é parecido com "Grande Mistério", como espiritualidadeLakotanão éhenoteísta (é a crença em vários deuses, mas com um supremo a todos)  como a maioria dos índios. Antes de suatentativa de conversãoao cristianismo,oSiouxusavam 'WakȟumTȟAnka' para se referir auma organizaçãode entidadessagradascujos caminhoseram misteriosos. Assim  sendo, "O Grande Mistério"  era 'wakan tanka'.  

Para alguns historiadores 'wakan tankan'  não é uam religião, mas é um caminho e ao caminhante é dado à compreensão do mistério.


De Wakan Tanka, o Grande Mistério, vem todo o poder. Por causa de Wakan Tanka é que o homem sagrado tem sabedoria e poder para curar e fazer feitiços sagrados. O homem sabe que todas as plantas que curam são dadas por Wakan Tanka; por isso elas são sagradas. Assim também o búfalo é sagrado, porque é um presente de Wakan Tanka. O Grande Mistério deu aos homens todas as coisas para comer, vestir e o bem-estar. E ao homem ele deu o conhecimento de como usar essas dádivas, como encontrar as plantas sagradas que curam, como caçar e cercar o búfalo, como conhecer a sabedoria. Pois tudo provém de Wakan Tanka, tudo...




 



 Ao Homem Sagrado é dado na juventude o conhecimento de que ele será sagrado. O Grande Mistério o faz saber disso. Por vezes, são os Espíritos que lhes falam. Os Espíritos não aparecem apenas em sonhos, mas também quando o homem está desperto. Quando um Espírito chega, pareceria como se um homem estivesse lá, mas quando este "homem" acabou de falar e se põe a andar de novo, ninguém pode ver onde ele vai. Assim são os Espíritos. Com os Espíritos, o Homem Sagrado pode dialogar intimamente e lhe ensinar coisas sagradas. O Homem Sagrado vai para uma tenda solitária e jejua e ora. Ou vai para a solidão das montanhas. Quando retorna aos homens, ele lhes conta e ensina o que o Grande Mistério lhe mandou falar. Ele aconselha, cura e faz feitiços sagrados para proteger as pessoas de todo mal. Grande é o seu poder e muito ele é reverenciado; seu lugar na tenda é de honra.

O conhecimento  do Xamanismo promove e evoca internamente grande sabedoria,  quanto mais lemos mais queremos ler.  Bom demais!!!

Saudações xamânicas!
Melhores abraços
Norma


 Lido e encontrado aqui nestes sites:
 http://en.wikipedia.org/wiki/Wakan_Tanka
 http://forum.paradoxplaza.com/forum/showthread.php?193478-Wakan-Tanka
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